Lula: “Deus deixou o sertão sem água, porque Ele sabia que eu ia ser Presidente e eu ia trazer água pra cá”
Lula diz que o sertão sem água teria um propósito divino

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta quarta-feira (28), que a seca do sertão nordestino teria um propósito divino.
“E eu, graças a Deus, descobri uma coisa: Deus deixou o sertão sem água, porque Ele sabia que eu ia ser Presidente da República e que eu ia trazer água pra cá”, disse Lula.
A declaração foi feita durante a entrega do 1º Trecho do Ramal do Apodi, na Barragem Redondo, em Cachoeira dos Índios, sertão da Paraíba. A obra é parte do eixo norte da transposição do Rio São Francisco.
“E aí, quando a gente pensou em trazer as águas do São Francisco para a região seca, muita gente era contra. Ah, vai acabar com o São Francisco, ah, vai acabar não sei com a quanta, o rio é meu, dizia a Bahia, o rio é meu, dizia Alagoas, o rio é meu, diria Sergipe, e eu falava não, o rio é de Deus. O rio foi feito, ele nasce lá em Minas Gerais, ele passa por aqui, agora vai para o mar, então o que eu quero é pegar um pouquinho de água, antes dela chegar no mar, eu quero trazer de volta para dar para o meu povo do sertão beber, comer, tomar banho. Essa decisão foi a decisão mais importante que eu tomei na minha vida, porque era uma obra que muita gente não acreditava que a gente pudesse fazer, porque fazia 179 anos. Eu não tô falando de 10 anos, tô falando de 179 anos que se prometia água pra essa região”, disse o presidente Lula.
Segundo o governo federal, a entrega faz parte da iniciativa Caminho das Águas, que reúne mais de 70 projetos de infraestrutura hídrica no âmbito do Novo PAC. O Ramal do Apodi, com 115,5 km de extensão, liga a Barragem Caiçara (PB) à Barragem Angicos (RN), com vazão projetada de 40 m³/s.
Ainda de acordo com o governo, a obra está 74,83% concluída e tem previsão de finalização para outubro de 2026. O investimento é estimado em R$ 1,45 bilhão. Quando finalizado, o ramal deverá beneficiar cerca de 750 mil pessoas em 54 municípios da Paraíba e do Rio Grande do Norte.
Nota da redação: Apesar do tom de celebração do governo, é crucial que os dados e previsões sejam lidos com cautela e olhar crítico. A promessa de água no sertão é pauta sensível e politicamente relevante no Nordeste, uma constante que perpassa governos, e onde os impactos da transposição ainda geram intensos debates técnicos, sociais e ambientais.