Lula: Eu fazia greve e negociava. Se o Trump quiser sentar numa mesa pra negociar, nós vamos sentar
Aos gritos e com as veias saltadas, Lula disse: “Presidente Trump: nós temos todos os minerais ricos que vocês querem. Aqui, ninguém põe a mão”
Nesta quinta-feira (24), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aproveitou uma agenda de anúncios do governo federal em Minas Novas, no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, para um pronunciamento de “alcance internacional”. O alvo, mais uma vez, foi o presidente americano Donald Trump e a sobretaxa de 50% que os Estados Unidos pretendem aplicar sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto.
Trump comunicou a decisão a Lula por carta, publicada em 9 de julho na rede Truth Social.
Com o rosto visivelmente vermelho e as veias saltando, Lula elevou a voz e gesticulou para a multidão. Aos gritos, afirmou: “Presidente Trump, a nossa soberania é feita por esse povo brasileiro que trabalha, que produz”. Em tom de desafio, declarou que o Brasil tem “todos os minerais ricos que vocês querem”. A frase foi interpretada como um recado direto aos Estados Unidos em meio à corrida global por recursos estratégicos como nióbio, lítio e terras raras — insumos dos quais o Brasil possui grandes reservas e que são cada vez mais cobiçados na transição energética e na indústria tecnológica.
Na sequência, completou: “Se quiser sentar numa mesa para conversar, nós vamos sentar — até porque a minha vida foi negociar. Eu fazia greve e negociava.”
Até agora, no entanto, Lula segue apenas nos discursos. O que se viu até o momento foram respostas de palanque. Embora o presidente classifique a tarifa como um ataque à soberania brasileira, uma decisão unilateral e inaceitável, o dia 1º está chegando — e a sobretaxa, que deve pesar para o Brasil, entrará em vigor. Lula ainda não sinalizou nenhuma conversa ou encontro real com Trump.
Confira abaixo um trecho da fala de Lula durante o evento:
“Presidente Trump, a nossa soberania é feita por esse povo brasileiro que trabalha, que produz. Nós temos 8,5 milhões de quilômetros quadrados para proteger. Temos 8,5 mil quilômetros de fronteira marítima para proteger. Temos 16,7 mil quilômetros de fronteiras terrestres para proteger. Temos a maior floresta do mundo para proteger. Temos 12% da água doce do planeta para proteger. Temos 215 milhões de pessoas para proteger. Temos todo o nosso petróleo para proteger. Temos o nosso ouro para proteger. Temos todos os minerais ricos que vocês querem — para proteger.
Aqui ninguém põe a mão. Este país é do povo brasileiro. A única coisa que peço ao governo americano é que respeite o povo brasileiro, assim como eu respeito o povo americano. Tenho uma belíssima relação, há mais de 40 anos, com os trabalhadores dos Estados Unidos.
Nenhum país do mundo vai dizer o que a gente tem que fazer. Nós somos donos do nosso nariz. Se quiserem negociar, nós queremos negociar. Se quiser sentar numa mesa para conversar, nós vamos sentar — até porque a minha vida foi negociar. Eu fazia greve e negociava. A relação comercial é a mesma coisa.”