Mães relatam incertezas diante do início das aulas virtuais na Rede Municipal de Bento

A pandemia tem mudado a forma de ensinar e aprender em todo o Brasil. Com a suspensão das aulas presenciais, instituições públicas e privadas estão tendo que se adaptar para não perder o ano letivo. Em Bento Gonçalves, a Rede Municipal de Ensino (da Educação Infantil ao Ensino Médio) passará a aplicar aulas online a partir da próxima segunda-feira, 18/05. Por meio da plataforma Educar Web, os alunos das 44 escolas de Bento (ou seus pais e responsáveis) poderão assistir a explicações sobre os conteúdos estudados, acessar atividades e tirar dúvidas diretamente com os professores.

A plataforma pode ser acessada por qualquer aparelho que tenha internet. A presença do aluno às aulas será contabilizada a partir da realização das atividades propostas, que deverão ser entregues de acordo com o horário e o dia combinados com o professor.


 

Entretanto, algumas mães têm relatado uma série de dúvidas em relação ao sistema. Uma delas diz respeito ao acesso à internet. De acordo com dados da secretaria municipal de Educação (SMED), 23% dos alunos em Bento não têm acesso à rede. “Eu não tenho internet fixa. Pedi emprestada para a vizinha, mas o sinal é fraco. Tem horas que funciona, outras não. Tenho internet no meu celular, mas ele tem pouca memória e toda hora trava. Então não tenho como oferecer o aparelho para o meu filho”, explica a mãe de um menino cadeirante, de 8 anos, que estuda na escola Vânia Medeiros Mincarone. 

A secretária de Educação, Iraci Luchese, explica que os pais que tiverem esse tipo de dificuldade devem entrar em contato com as suas escolas para realizar a retirada do material impresso com o diretor ou orientador. “O profissional irá orientar o passo a passo para as famílias. [Os pais ou responsáveis] serão recebidos um de cada vez, mediante agendamento”, afirma.

A mulher rebate dizendo que não tem com quem deixar seu filho para ir buscar os materiais, e que fica difícil levá-lo junto, periodicamente, até a escola. 

Para outra mãe, que tem seu filho de 10 anos estudando na escola Alfredo Aveline, a principal barreira não será a internet, mas o manuseio do computador. “Ele ainda não sabe mexer e não estamos em casa para orientar. Vamos ter que ensinar minha sogra para que ela consiga ajudar ele. Meu problema também é fazer com que ele preste atenção, porque nem na escola ele presta”, lamenta. Ela ainda revela que outras mães têm relatado a falta de computador para disponibilizar aos filhos, já que muitas precisam utilizar o único aparelho da residência para trabalhar. “Posso estar colocando a carroça na frente dos bois. Ele pode se adaptar mais rápido do que a gente imagina, mas o receio existe”, conclui.

De acordo com a secretaria de Educação, as atividades propostas por meio da plataforma estarão disponíveis em todos os horários, podendo também ser feitas à noite, com o auxílio dos pais. Entretanto, o horário em que os professores estarão online para tirar as dúvidas das crianças irá variar de acordo com cada escola.

Ainda segundo a secretaria, dúvidas sobre a dinâmica das aulas online e sobre o manuseio da própria plataforma "Educar Web" podem ser sanadas diretamente com cada instituição de ensino municipal, via telefone, das 8h às 14h. 

Foto: Reprodução/Unesco