Maior rigor, menos acidentes
A BR-470, que até três meses atrás estava sob responsabilidade do Estado, sempre foi conhecida pelos números elevados de acidentes e mortes, em todos os seus mais de 230 quilômetros de extensão. Esse é um dos principais motivos que têm levado os agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) a intensificar a fiscalização e punir os infratores. Apesar das queixas de usuários da rodovia, as ações têm diminuídos os índices de acidentes e evitado mortes.
O estudo dos pontos de atuação dos agentes da PRF, segundo o policial Filipe Bürger, foi realizado com base em dados estatísticos dos últimos quatro anos, elencados pela Polícia Rodoviária Estadual (PRE). E com essas informações foi possível destacar três trechos da rodovia com os maiores índices de acidentabilidade: quilômetro 218, local conhecido como “curvas da morte”, no perímetro urbano de Bento Gonçalves; o quilômetro 222, trevo da Telasul, no entroncamento com a RSC-453; e o quilômetro 225, Posto do Avião, esses dois últimos em Garibaldi. Nesses três pontos da rodovia, somente no ano de 2014, foram registrados 103 acidentes, que resultaram em 91 pessoas feridas e sete mortes.
Excesso de velocidade
A atuação da PRF tem sido constante em todos os pontos da rodovia, inclusive utilizando radar fotográfico que pode ser empregado tanto de dia como à noite. Em 43 dias de Operação Vinhedos, 4.431 condutores já foram flagrados por excesso de velocidade. O maior registro foi de 143km/h, justamente nas curvas da morte, onde a velocidade máxima permitida é de 60km/h. “Já notamos uma diferença na conduta dos motoristas, principalmente nos locais com altos índices de acidentabilidade”, destaca Bürger. Do total de multas, devido às limitações técnicas do aparelho, os patrulheiros federais não conseguem mensurar a média de velocidade dos veículos flagrados acima do limite permitido na pista.
Conforme o inspetor Alfonso Willembrig, chefe da 5ª delegacia da PRF do Rio Grande do Sul, as características e peculiaridades da BR-470 a tornam muito perigosa e, por isso, o rigor nas ações se faz necessário. “Trata-se de áreas urbanas, com intensa movimentação de pedestres, com curvas acentuadas, travessias de veículos, enfim, todas as características que levam o trânsito a ser muito perigoso”, explica. Ele complementa que a retirada dos controladores fixos de velocidade que operavam nesta rodovia gerou uma “sensação de impunidade”, permitindo que o comportamento social se tornasse mais perigoso. “É isso que nós temos que reverter, nós temos que mudar esse comportamento e a fiscalização vai ser cada vez mais intensa até que consigamos isso”, enfatiza.
O inspetor destaca ainda que o interesse da PRF não é o número de autuações por excesso de velocidade, mas que os condutores passem a ter um comportamento adequado e que os índices de acidentabilidade, mortes e feridos sejam reduzidos. “Supondo que um deslocamento entre Garibaldi e Veranópolis, em toda essa travessia de área urbana de Bento Gonçalves, seja realizado com velocidade superior a 70km/h, 80km/h, é quase impossível que se ganhe mais do que 1 ou 2 minutos nesse deslocamento. Vale o risco? Queremos que as pessoas façam essa reflexão, esse paralelo entre velocidade e segurança. Vale a pena por 1, 2 ou 3 minutos nos expormos e principalmente expor a vida de pedestres, a vida de terceiros a um risco tão grande? Será que minutos valem tanto na vida de cada um?”, questiona Willembrig.
Ele considera que é justamente essa a abordagem que se deve fazer junto à sociedade, se vale a pena correr o risco ou respeitar os limites. “Queremos ressaltar ainda que esta fiscalização permanecerá intensa até que consigamos mudar o comportamento das pessoas que utilizam a BR-470. Não estamos cometendo excessos, mas aplicando o que está previsto a quem comete. Temos que buscar uma cultura de respeito social e respeito ao próximo, diversamente do individualismo que hoje existe”, pontua.
Aumento no limite
“Entendemos que em alguns pontos em que o trecho é mais retilíneo existe a possibilidade de ser majorada a velocidade. Mas há muitos acessos e eles teriam que ser fechados”, ressalta Bürger. O policial ainda cita como exemplo o trecho entre o trevo da Telasul e o posto da PRF, próximo à Pipa Pórtico, no qual, em pouco mais de seis quilômetros de extensão, existem 15 trevos ou acessos.
Essa situação já vem recebendo uma atenção especial da PRF, que iniciou as tratativas com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) para melhorar a via – quanto a questões de trevos e acessos – e a possibilidade de aumentar o limite de velocidade em alguns pontos. O tema já foi abordado em reportagem do SERRANOSSA no último dia 29 de maio.
Balanço da Operação Vinhedos
– 615 testes de etilômetro;
– 36 CNHs recolhidas;
– 60 CRVL recolhidos;
– 6.102 autos de infração, sendo: 4.431 por excesso de velocidade, 94 de ultrapassagem em local proibido, 42 de embriaguez administrativas, 9 de embriaguez crime;
– 3.624 pessoas fiscalizadas;
– 3.163 veículos fiscalizados;
– 5 autos de infração de produtos perigosos;
– 64 veículos recolhidos;
– 29.724 quilos de excesso de peso em caminhões;
– 6 pessoas com mandado de prisão;
– 76 acidentes, sendo 52 sem lesões e 24 com lesões, que resultaram em 36 pessoas feridas;
– R$ 63.117 em dinheiro apreendidos (R$ 11 mil apreendidos com um homem acusado de jogo de azar e o restante de dois homens acusados de tráfico);
– 2 casos contrabando ou descaminho;
– 1 pessoa detida por jogo de azar;
– 40 comprimidos de procedência estrangeira sem o devido procedimento de importação;
– 1 revólver calibre 38;
– 6 veículos recuperados em furto/roubo;
– 4 mil litros de álcool (combustível) recuperados.
A PRF pode ser acionada através do telefone 191. A ligação é direcionada para Porto Alegre e a central repassa aos agentes em Bento Gonçalves. Outra forma de contato é o telefone celular (51) 9100 6369.
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