Mais do que prejuízos, assaltos abalam as vítimas
O 3º Batalhão de Policiamento de Áreas Turísticas (3º Bpat) divulgou, nesta semana, números da segurança pública de Bento Gonçalves. Em janeiro, a cidade registrou cinco roubos a residências e seis a estabelecimentos comerciais contra dois e seis, respectivamente, no mesmo mês de 2014. Se calculados todos os tipos de roubos, o primeiro mês do ano já registra 38 crimes, contra 29 no ano passado – um aumento de 31%.
Se a criminalidade tende a crescer nos centros urbanos, por outro lado, o trabalho da segurança pública também passa a ser mais efetivo. Os números demonstram que o policiamento ostensivo tem retirado mais delinquentes das ruas. Só em janeiro deste ano, a Brigada Militar (BM) já prendeu 147 pessoas, 36,1% a mais que no mesmo mês de 2014, quando foram detidos 108. Mais armas também foram retiradas de circulação nesse período: em 2015 foram quatro, enquanto no ano passado foram duas, ou seja, dobrou o total de apreensões de armas de fogo.
Bandidos ousados
Onde há câmeras de segurança, a tendência seria, teoricamente, a diminuição da criminalidade. Porém, esses equipamentos não estão sendo um empecilho para quem tem a real intenção de praticar um delito. De acordo com o inspetor da 2ª Delegacia de Polícia (2ª DP), Augusto Marques, responsável pelas investigações de roubos em Bento Gonçalves, é preciso melhorar a qualidade dos equipamentos que estão sendo utilizados. “Geralmente, as imagens são muito ruins. Só dá para ver um vulto, não conseguimos identificar as pessoas”, afirma.
Outro aspecto importante diz respeito à localização estratégica dos equipamentos. Segundo Marques, muitas das câmeras não estão posicionadas de forma correta, o que também dificulta o trabalho de identificação. “Muitas vezes, as câmeras estão instaladas em locais muito altos e não conseguimos ver detalhes do rosto ou vestimentas, entre outros. Qualquer boné, por exemplo, impede que vejamos partes do corpo dos suspeitos”, completa o inspetor.
Marques ressalta que a câmera sozinha não resolve o problema da violência e não mostra todas as evidências para acusar alguém como autor crime. É preciso que as testemunhas ajudem a polícia. “As pessoas que são vítimas desse tipo de crime precisam prestar atenção em detalhes que, posteriormente, possam ajudar a polícia na identificação dos autores”, conclui.
Sequestros
Um dos crimes que normalmente mais assusta a comunidade são os sequestros. Um tipo de delito ainda pouco comum em Bento Gonçalves, mas que pode se tornar rotineiro. Em dezembro do ano passado, foram registrados dois casos e em janeiro deste ano, mais um.
Para a delegada Deise Salton Brancher Ruschel, que responde interinamente pelas ações da 2ª DP, os sequestros-relâmpago são crimes traumáticos para as vítimas. Ela acredita, contudo, que as ações verificadas no município nos últimos meses sejam crimes de ocasião. “As evidências fazem a gente acreditar que elas estejam amplamente relacionadas com o tráfico de drogas, seja a partir do consumo, da dívida, entre outras possibilidades”, analisa. Tipificado como roubo majorado, o acusado de sequestro não tem direito a fiança, já que a pena pode chegar a dez anos de prisão.
Escola do crime
Na avaliação do capitão Reni Onírio Zdruikoski, que responde interinamente pelo comando do 3º Bpat, o criminoso vai adquirindo experiência a cada ação realizada. “O que a gente percebe é que o indivíduo entra no mundo do crime de forma gradual. Ele começa muitas vezes praticando pequenos furtos e, logo depois, passa ao roubo, que é à mão armada através de violência”, detalha.
Essa “evolução” do criminoso é algo muito perceptível em Bento Gonçalves, segundo o capitão. Mas o mais preocupante é o número de menores que estão entrando para o mundo do crime. “Bento Gonçalves está apresentando um quantitativo significativo de adolescentes que estão entrando na criminalidade, tanto no furto quanto no roubo”, lamenta Zdruikoski.
Prejuízos psicológicos
De forma geral, na visão do capitão, Bento Gonçalves é um município tranquilo, na comparação com outras cidades do Estado. “O que acontece é que essa sensação de que o crime está muito presente é, justamente, porque nós estamos acostumados a viver com baixíssimos índices de criminalidade”, destaca.
Ainda segundo o comandante, os roubos também são crimes que, normalmente, traumatizam as vítimas. “Por exemplo, é natural que as pessoas se sintam seguras em casa. A partir do momento que um criminoso invade sua residência e põe em risco sua integridade física, isso deixa uma profunda sensação de insegurança”, pondera o oficial. “Quanto a roubos a estabelecimentos, nós temos apurado que o valor levado nestas ações tem sido muito baixo, entre R$ 100 e R$ 300, em média. Financeiramente o prejuízo é muito pequeno, mas o dano psicológico para as vítimas é marcante”, acrescenta.
Vaidade criminosa
No último dia 26, a BM apreendeu um menor por roubo a pedestre, no bairro Aparecida. A vítima relatou que, por volta das 21h40, três indivíduos a abordaram, sendo que um deles sacou um revólver e o outro, uma faca, e anunciaram o roubo. Foram levados dois celulares. Após buscas na região, a BM apreendeu um adolescente de 15 anos. Ele foi reconhecido pela vítima como um dos autores.
Zdruikoski relata que o mesmo adolescente já cometeu outros crimes violentos na cidade. “No celular dele, foram identificadas conversas, através de sistemas de mensagens, se gabando de ter sido um dos autores de um roubo em posto de combustíveis da cidade”, revela.
Na ação, no último dia 25, no bairro Maria Goretti, um homem e o adolescente de 15 anos, armados, chegaram a pé ao estabelecimento, por volta das 21h25, e anunciaram o roubo. Um deles portava um revólver calibre 22 e o outro, uma pistola calibre 380. A dupla se dirigiu até o caixa, de onde subtraiu um valor não informado em dinheiro. Ao saírem, o menor – que foi apreendido nesta semana – chegou a efetuar um disparo de arma de fogo para o alto.
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