Major Marinho: “Não é um adeus, é um até logo”

Após dedicar mais de 20 anos à Brigada Militar, o major José Paulo Iahnke Marinho deixará o comando do 3º Batalhão de Policiamento de áreas Turísticas de Bento Gonçalves (3º Bpat) para atuar no gabinete Militar da presidência da Assembleia Legislativa do Estado, junto ao deputado Alexandre Postal (PMDB). Ele deve deixar o cargo no mês de janeiro. “Não é um adeus, é um até logo. Continuo vinculado à Brigada Militar, apenas cedido à Assembleia Legislativa”, explica.

A ocupação do cargo deve durar um ano, até o término do mandato do deputado como presidente da Assembleia Legislativa. “Voltarei a atuar na Brigada Militar após esse período, mas bem provável que não seja em Bento, mas em alguma outra cidade da Serra Gaúcha”, enfatiza.

Marinho é natural de Cruz Alta, mas mora em Bento Gonçalves desde os sete anos de idade. Em 23 anos de carreira, trabalhou nas cidades de Bento Gonçalves, Garibaldi, Farroupilha e Caxias do Sul. E também já exerceu a função de comandante na Polícia Rodoviária. Desde janeiro de 2011, comandava interinamente o 3º Bpat, sendo nomeado somente em maio como comandante, no lugar do tenente coronel Eduardo Passos Mereb, transferido para Porto Alegre.

Em entrevista ao SERRANOSSA ele fala sobre a carreira e o futuro.

Jornal SERRANOSSA: Como surgiu a ideia entrar para a Brigada Militar?

Major José Paulo Iahnke Marinho: Tenho vários parentes militares, alguns do exército e outros da BM. Cresci dentro dos quartéis, pois meu pai também era brigadiano. Andei muito de viatura quando pequeno. Isso foi criando um vínculo, até que em 1988, então com 20 anos, ingressei na academia. Nunca me esqueço, eram 830 candidatos para 30 vagas, fiquei na 25ª colocação. Passei quatro anos em regime de internato. Quando estava me formando, meu pai estava se aposentando.

SERRANOSSA: Quais eram os objetivos ao ingressar na carreira militar?

Marinho: Tinha pretensões de evoluir, crescer e assumir comandos. Tenho pretensão de crescer ainda mais, sempre com o intuito de trabalhar em prol da comunidade. Desde a academia, todo policial sabe que nunca irá trabalhar para si mesmo, mas dedicar seu tempo e trabalho em prol da comunidade. Ser militar é quase um sacerdócio. Tudo isso é a construção de uma vida, de uma carreira, lapidada pela seriedade e lealdade à BM.

SERRANOSSA: Quais foram os momentos mais marcantes da sua carreira?

Marinho: Já enfrentei inúmeras situações, sempre na linha de frente. O que mais me marcou até hoje, foi quando trabalhei na Polícia Rodoviária. Houve um acidente em Caxias do Sul, envolvendo uma caminhonete e um ônibus. Tivemos que procurar uma criança no motor do veículo. Podemos atender a 500 acidentes envolvendo crianças, mas nunca vamos nos acostumar.

SERRANOSSA: Você já trabalhou no policiamento ostensivo e rodoviário. Qual a área que mais gosta?

Marinho: Na realidade tenho especialização em trânsito, sou professor na Universidade de Caxias do Sul e acabei me apaixonando por essa matéria. Gosto bastante da parte de operações especiais, tanto que realizei uma especialização na SWAT, nos Estados Unidos. Pude passar alguns ensinamentos e qualificar os trabalhos realizados em nosso município. Trânsito e operações especiais são duas áreas pelas quais sou mais apaixonado.

SERRANOSSA: O que ficou de positivo em sua atuação como comandante do 3º Bpat?

Marinho: O apoio da comunidade e do empresariado, bastante participativos. O Consepro, através do atual presidente, Geraldo Leite, e do ex, Jovino Demari, que há 30 anos tem ajudado a Brigada Militar. Hoje o Batalhão é referência em excelência no Estado, tanto na estrutura como nos equipamentos, isso graças ao apoio de todos.

SERRANOSSA: Quais eram as metas enquanto comandante?

Marinho: A maior delas era deixar o quartel pronto para o curso de formação de novos soldados no ano que vem. E conseguimos. Agora vamos lutar na assembleia para que uma turma seja formada na cidade. Outro objetivo era construir um ginásio, fazer uma garagem coberta, metas que deixamos para depois, não conseguimos cumprir, porque ficamos pouco tempo. Mas algumas melhorias foram realizadas, como a aquisição de móveis novos, revitalização da sala de logística e patrimônio e a ampliação do videomonitoramento, em parceria com a prefeitura. A principal meta atingida foi a realização de diversas operações especiais, dando resposta ao que a comunidade tanto anseia: uma segurança pública de melhor qualidade.

SERRANOSSA: O senhor considera Bento uma cidade segura?

Marinho: Nos índices de criminalidade estamos abaixo da média de municípios com a mesma população. Segurança Pública se faz com a construção e apoio mútuo entre todas as entidades. Se cada um trabalhar por si, estamos dando chance para que a violência se prolifere. Temos o apoio de todas as entidades, associações comunitárias, Polícia Rodoviária, prefeitura, Polícia Civil e grandes parceiros como: SindiBento, Fimma, Sindmóveis, Sinditrans, CIC, Movelsul, Consepro e empresários. Existem fatos delituosos, mas isso é normal como em qualquer município.

SERRANOSSA: Qual será sua função na Assembleia?

Marinho: Terei a tarefa de assessorar diretamente o presidente da Assembleia Legislativa. Será uma experiência nova, bastante interessante e que irá oportunizar maior conhecimento para desempenhar melhor minhas atividades. Agradeço muito ao deputado Alexandre Postal pelo convite e a confiança depositada em mim.

SERRANOSSA: Como poderá auxiliar Bento?

Marinho: Através dos contatos diretos com o secretário de Segurança Pública, com o governador e o presidente da Assembleia Legislativa. A ajuda poderá ser feita de várias formas, um curso de soldados seria uma delas, estaremos lá lutando, brigando, sendo uma ponta de lança dentro da AL.

Katiane Cardoso 

 

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