Manifestantes pró-Bolsonaro em Bento pedem volta da cogestão e intervenção militar

O domingo, 14/03, foi marcado por manifestações em apoio ao presidente da República, Jair Bolsonaro, em diversas cidades brasileiras. Em Bento Gonçalves, centenas de moradores se reuniram em frente à igreja Cristo Rei, no bairro Cidade Alta, para dar início a uma carreata. De acordo com a secretaria municipal de Segurança, que auxiliou na organização do fluxo por meio do Departamento Municipal de Trânsito (DMT), o ato contou com cerca de 500 veículos, com moradores vindos, inclusive, de cidades vizinhas como Garibaldi e Carlos Barbosa. 


 

Logo no início da tarde, os manifestantes se reuniram nos entornos da igreja Cristo Rei e se dirigiram sentido bairro São Roque, parando em frente ao 6º Batalhão de Comunicação (6º BCom), onde cantaram uma música que pedia a intervenção militar, com Bolsonaro no poder.


 

A manifestação foi organizada por meio das redes sociais e teve como intuito principal reivindicar a volta da cogestão, com a flexibilização das atividades econômicas, além de mostrar apoio ao presidente da República e contrariar a posição do governador do RS, Eduardo Leite, frente à pandemia do Coronavírus. 

Entretanto, mesmo com pedidos de alguns dos próprios manifestantes, muitos moradores voltaram a atacar a democracia, pedindo intervenção militar. Em um dos cartazes, manifestantes pediam uma nova constituição anticomunista, criminalização do comunismo, fechamento do STF e de todo o congresso nacional. O cartaz finalizava com a frase “Bolsonaro tem razão”. Alguns manifestantes também defenderam o protocolo de tratamento precoce.


 

Conforme informações da secretaria de Segurança, mesmo com apologia à ditatura militar, considerado um ato inconstitucional, nenhum manifestante foi abordado ou notificado. 

Na opinião do advogado especialista em defesa de direitos e garantias constitucionais, Lenio Luiz Streck, aqueles que pedem o fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF) ou atacam instituições estão cometendo um crime contra a lei de Segurança Nacional. “O grande problema é o país estar infectado por um vírus tão terrível quanto o da pandemia, o vírus da ignorância, do fascismo”, analisa. “Esse tipo de passeata pedindo o fim da democracia não faz sentido, porque é graças à democracia que eles podem pedir o fim dela. Se isso tudo se concretizasse, eles [os manifestantes] seriam os primeiros a não poderem falar nada, porque em uma ditadura não há liberdade”, ressalta.

Imagens: SERRANOSSA