Máquina transforma bagaço de uva em energia

O destino do bagaço de uva, que havia se tornado um problema para as vinícolas da região após a Fepam proibir a utilização no adubamento dos vinhedos, passou a ser solução com a concretização do projeto de transferência de tecnologia entre o instituto alemão de agroecologia Agroscience e a Fundação Proamb, de Bento Gonçalves. Na última quarta-feira, dia 24, começou a funcionar na fábrica da Cooperativa Vinícola Aurora uma máquina que une madeira, aditivos e resíduos da fabricação de vinhos, espumantes e sucos de uva para formar cilindros usados como combustível na alimentação de caldeiras ou até lareiras, batizados de pellets. 

A máquina, que chegou a Bento Gonçalves sem custos, reproduz em pequena escala o processo que já está difundido em boa parte da Europa. Enquanto o modelo alemão produz de uma a quatro toneladas de pellets por hora, a máquina que está no município faz cerca de 10kg do material no mesmo intervalo de tempo. A ideia é que os pellets produzidos com esses resíduos sejam usados como combustível nas caldeiras das próprias vinícolas. Hoje, as caldeiras da Aurora são alimentadas com óleo. Uma tonelada de pellets gera a mesma energia que 500 litros de óleo. Porém, o custo dos pellets é três vezes menor que o do combustível fóssil.

Na última safra, a vinícola destinou 60 milhões de quilos de uva para a fabricação de vinhos e derivados. O diretor-geral da empresa, Além Guerra, afirma que essa é uma preocupação antiga, pois são cerca de dez mil toneladas de resíduos geradas, de acordo com a média da última colheita. Conforme ele, a ideia é aproveitar a energia na própria empresa. “Hoje utilizamos o trabalho de empresas de compostagem de terra orgânica, mas agora vemos uma possibilidade maior de usar esse tipo de resíduo para gerar energia. Teremos uma função mais nobre e um resultado mais eficiente para a empresa”, comentou. 

O início das atividades foi bastante comemorado também pelos idealizadores do projeto e pelas diversas autoridades gaúchas e alemãs presentes na demonstração inicial. A ministra da Economia, Energia e Planejamento do estado alemão da Renânia-Palatinado, Eveline Lemke, lembrou das semelhanças culturais entre as regiões e afirmou que o projeto envolve muito mais do que apenas relações comerciais. “Não se trata apenas de lucro. Há muito mais em jogo aqui. Por isso viemos com uma delegação bastante grande para Bento Gonçalves. Na Europa, até pela escassez de terra, tivemos que nos preocupar muito antes com a parte do meio ambiente e agora podemos ajudar o Brasil a fazer matéria-prima a partir do lixo”, complementou. 

O vice-governador do Estado, Beto Grill, também citou o projeto como ponto de partida para novas parcerias entre os governos alemão e brasileiro. “Precisamos apostar na nova economia, mas também fortalecer a nossa base produtiva. A partir daí toda a cadeia será fortalecida”, descreveu.


Reportagem: Alexandre Brusa


É proibida a reprodução, total ou parcial, do texto e de todo o conteúdo sem autorização expressa do Grupo SERRANOSSA.

Siga o SERRANOSSA!

Twitter: @SERRANOSSA

Facebook: Grupo SERRANOSSA

O SERRANOSSA não se responsabiliza pelas opiniões expressadas nos comentários publicados no portal.