Marciano Santin: quatro vezes melhor do Brasil

Aos 38 anos, o incansável Marciano Santin alcançou o topo da motovelocidade nacional novamente. No último domingo, dia 29, ele obteve a quinta colocação na oitava e última etapa do Campeonato Brasileiro 2015, em Curitiba (PR), e comemorou o quarto título da carreira, o primeiro na categoria GP 600 Evo.

Os três anteriores haviam sido conquistados em 2007, 2009 e 2010, todos nas 250cc. O troféu deste ano foi ainda mais valorizado pelos obstáculos que surgiram durante a jornada. Antes da quinta posição no Paraná, o bento-gonçalvense havia somado três primeiros e três segundos lugares. Ele não pontuou apenas na sexta etapa, em Goiânia (GO), quando sofreu a queda mais grave da carreira, no treino classificatório, a 240 quilômetros por hora, que resultou em três costelas quebradas e danos no pulmão. Após quatro dias no hospital, o piloto acelerou o tratamento e conseguiu recuperar-se a tempo de disputar as provas derradeiras. O trauma psicológico, contudo, perdurou até o final. "Talvez esse tenha sido o título mais difícil de todos, porque a queda afetou o meu psicológico. Eu ainda estou com um pouco de medo, com receio de acelerar, sabe? No começo do ano eu estava embalado, vinha baixando o tempo. Mas no final tudo deu certo, e agradeço muito a Jesus e à minha família”, conta.

Piloto voltou a conquistar o Brasileiro após cinco anos. Os três títulos anteriores foram obtidos em 2007, 2009 e 2010. Foto: João Paulo Mileski

Mesmo tetracampeão e ainda se recuperando do susto, Santin não quer parar tão cedo. Após antecipar a possibilidade de aposentadoria, ele decidiu que tentará seguir nas pistas, pelo menos, por mais uma temporada. O piloto destaca que o incentivo da esposa, Fernanda, e a paixão pela motovelocidade, são os principais motivos que o fazem, prestes a completar 39 anos – aniversaria no dia 12 de dezembro –, persistir no esporte. "A minha esposa me motiva bastante, ela me incentiva a continuar. E eu também tenho vontade de andar, me sinto bem, sinto que tenho condições. Há pessoas que acreditam em mim e eu sei que ainda posso continuar”, afirma.

A permanência nas pistas, contudo, ainda depende da renovação dos patrocinadores. Os custos para uma temporada inteira, contando a equipe, são estimados em aproximadamente R$ 120 mil. "Ainda dependo de patrocínio, o que está cada vez mais difícil. É um esporte caro, exige bastante dinheiro para fazer um campeonato bem feito. Quando eu corria nas 250cc, não era tanto, mas agora, com a moto maior, o investimento também aumenta", ressalta.

Além de Santin, o piloto Giovandro Tonini também representou Bento Gonçalves no Brasileiro deste ano, encerrando a disputa em 11º na GPR 250. A temporada 2016 novamente terá oito etapas, com início no dia 1º de maio, em Curitiba (PR); e encerramento no dia 27 de novembro, em Goiânia (GO).