Medidas federais preocupam moveleiros
As medidas econômicas anunciadas pelo governo federal para controle de gastos chegaram em péssimo momento para o setor moveleiro – especialmente para o polo de Bento Gonçalves, onde a queda de empregos e o saldo dos postos de trabalho são os piores para o desde 2007, quando o Ministério do Trabalho e Emprego passou a aferir esses dados. Embora na última terça-feira, dia 3, o Senado Federal tenha devolvido à Presidência da República a Medida Provisória que reduzia o benefício fiscal de desoneração da folha de pagamentos, o empresariado ainda segue em alerta.
A Medida Provisória aumentava, a partir de junho, de 1% para 2% o recolhimento sobre o faturamento das empresas do setor moveleiro em substituição ao percentual de 20% sobre a folha salarial. A proposta agora virou objeto de Projeto de Lei com urgência constitucional, que precisará passar pela Câmara de Deputados e pelo Senado antes de entrar em vigor. Mesmo que o projeto não consiga aprovação no Congresso, o presidente do Sindmóveis, Henrique Tecchio, acredita que o governo tentará aumentar a receita através de outras fontes. “São ajustes que precisam ser feitos por causa de políticas mal feitas, para tapar os buracos da economia”, resume.
Tecchio pontua que a entidade é contrária a aumentos de impostos, considerando a já elevada carga tributária e todas as dificuldades enfrentadas com a burocracia, altos custos de produção e logísticos. “O pacote de benefícios à indústria foi um dos mais divulgados pelo governo e agora, menos de dois anos depois, está sendo revertido. Além disso, medidas que restringem o consumo terão impactos negativos no setor moveleiro brasileiro, que já passa pela pior crise em pelo menos dez anos”, afirma.
Com o anúncio da mudança na última sexta-feira, dia 27 de fevereiro, muitas empresas se anteciparam e começaram a fazer os cálculos. No caso daquelas com faturamento maior, a melhor opção seria retornar ao percentual de 20% sobre folha de salarial. Mas, segundo Tecchio, independente da escolha, o valor do tributo dobraria de forma geral.
Desde o ano passado, muitas empresas já começaram a adotar medidas para contornar a crise, como redução de funcionários, otimização de processos e corte de gastos desnecessários. O aumento da oneração da folha, de forma isolada, explica Tecchio, seria diluído no custo da empresa, o que não causaria impactos significativos no produto final. O problema é que a medida chega junto com um conjunto de aumentos de luz, combustível e matéria-prima. “Se juntarmos todos os aumentos, vamos ter que repassar os custos para o preço final, talvez não em curto prazo, mas vai chegar um ponto que as empresas não terão mais como absorver”, conclui.
Cancelamento do Programa Minha Casa Melhor
Também no final da semana passada, o governo suspendeu novas contratações do programa “Minha Casa Melhor”. Criado em 2013, o programa coloca à disposição de todos os beneficiários do “Minha Casa, Minha Vida” – que estão com o pagamento das prestações em dia – R$ 5 mil em crédito para a compra de móveis e eletrodomésticos. A Caixa Econômica Federal não justificou o cancelamento do programa, mas quem já tem o cartão poderá continuar usando o crédito. O programa atendia a uma reivindicação do setor moveleiro que teve origem há cinco anos, durante a Movelsul Brasil 2010, quando foi entregue a representantes da Caixa um pré-projeto de inclusão dos móveis nos financiamentos de programas habitacionais. Depois disso, surgiram iniciativas como o programa Cred Móveis Caixa e Móveis Card.
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