Metade dos brasileiros não dorme bem

Um comportamento corriqueiro, como o ronco, pode sinalizar problemas mais graves, até mesmo a apneia do sono. De acordo com dados do Ministério da Saúde, cerca de 50% da população brasileira se queixa de má qualidade de sono e 33% sofre de apneia, dificuldade de respiração que pode ter consequências muito graves, incluindo uma parada cardíaca.

A médica do sono e psiquiatra Angela Rafaela Grandi, de Caxias do Sul, explica que a síndrome da apneia é um distúrbio respiratório caracterizado pela interrupção da entrada de ar, tanto nasal quanto oral, diversas vezes enquanto a pessoa dorme. Geralmente, o sinal mais evidente da doença é o ronco em volume alto, mas nem todos os tipos de apneia apresentam esse sintoma. Outro distúrbio comum é a insônia, que impede que se inicie ou mantenha o sono.

Independentemente do motivo, as consequências de uma noite mal dormida são: fadiga, cansaço, tensão, diminuição do rendimento intelectual, sintomas leves de depressão e ansiedade, sonolência diurna (que aumenta o risco de acidentes), dores musculares e irritabilidade. “Dormir bem não é dormir muito. É importante que a pessoa passe por todos os estágios do sono, de leve a profundo, para ter um sono reparador”, explica a psiquiatra.

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Entre os distúrbios, o sonambulismo é o que gera mais curiosidades e crendices, pelo comportamento inusitado de quem o sofre, que anda pela casa como se estivesse acordado. Os especialistas definem o problema como um despertar incompleto, no qual apenas uma parte do cérebro acorda sem que a pessoa fique consciente.

Além do sonambulismo, outro distúrbio que costuma assustar os familiares são os chamados terrores do sono, normalmente confundidos com pesadelos. São caracterizados por gritos súbitos, intensos e aterrorizados, que duram cerca de 15 segundos. Os dois distúrbios são comuns eventualmente na infância, mas se persistirem é preciso procurar um médico psiquiatra.

Para tratar os distúrbios do sono, os especialistas analisam cada caso, mas, como regra geral, recomendam uma mudança de comportamento que consiste em dormir e acordar sempre no mesmo horário, inclusive nos fins de semana, evitar bebidas alcoólicas e comidas pesadas à noite, assim como praticar atividades físicas durante o dia. O número de horas necessárias para um sono reparador varia de seis a oito, por noite, de acordo com cada indivíduo. Não custa tentar, pois disciplina e hábitos saudáveis não tiram o sono de ninguém.

Gaúchos no topo

Conforme pesquisa realizada no Brasil pela Sociedade Brasileira de Neurofisiologia, os gaúchos são os que mais têm problemas para dormir. A alimentação noturna pesada, excesso de trabalho, pouco exercício físico e falta de períodos de relaxamento são algumas das possíveis causas. Essa pesquisa indica que 45% dos brasileiros dormem mal, 32% demoram muito tempo para iniciar o sono e 52% das pessoas acordam cansadas.

Reportagem: Alexandra Duarte

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