Meu corpo, minhas regras

Albert Einstein, certa oportunidade, disse: “Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana. Mas, em relação ao universo, ainda não tenho certeza absoluta.”. Ao que me parece, Einstein está coberto de razão. Cada vez mais, infelizmente!

Chegamos ao dia em que, passados mais de 300 dias de agonia de uma pandemia, milhares de horas de estudo e milhares de cifrões investidos, TEMOS A VACINA. Aliás, somos privilegiados, temos mais de uma vacina. Temos várias vacinas. Algumas delas já com eficácia suficientemente comprovada, de acordo com os padrões científicos. 
Pois bem! É o cientista que sabe se funciona, não meu vizinho ou meu professor de história ou qualquer governante que seja. Então, se o cientista disse – e não foi um só –, está dito! Eu vou me vacinar, seja com a vacina da China, da Inglaterra, do Brasil, da Índia, de Marte, de Vênus ou da Lua. Afinal, é nessa parte que entra a mazela humana, o jogo de interesses. Se foi aprovada e tem eficácia cientificamente comprovada, funciona. Não aceitá-la é boicote, é politicagem.

Aí alguns dizem: “Mas eu não vou ser obrigado a tomar isso”. “Eu tenho que ter o direito de escolher se vou tomar ou qual vacina tomar”. “Meu corpo, minhas regras”, já disseram alguns, lançando-se mão do slogan símbolo do coletivo feminista que teve como escopo principal disseminar a força pela luta pelos direitos das mulheres a fazerem dos seus corpos o que quiserem, incluindo o aborto. 

Tal qual o que se defende lá, em uma perspectiva egoísta, há um ponto específico que deve ser tratado. O ser humano esquece-se de que tudo em nossa vida deve ser analisado sob o prisma sistêmico. Tudo é um somatório de causas e consequências. Ou seja, posso até não querer tomar a vacina, mas, em nome da segurança coletiva, eu, que tomei, posso não querer essa pessoa que não foi vacinada perto de mim. Algum de nós terá que pagar um preço por isso. 

Não fazer a vacina poderá gerar um sem número de pessoas infectadas, que poderão colapsar um sistema inteiro de saúde, que precisará, cada vez mais, de investimentos e recursos de todos os sentidos que, se não fossem necessários frente ao “meu corpo, minhas regras”, poderiam ser investidos no bem comum ou até melhorar as condições de saúde em geral. Afinal, não temos condições de ter o mínimo e, mesmo assim, queremos o máximo. Quem não quer a vacina, que viva isolado, limitado, e não no coletivo.

Digo mais: se o corpo é meu e as regras são minhas, as consequências não devem ser do Estado, mas, sim, minhas. As despesas com tratamento devem ser minhas, a responsabilidade pelo custeio daqueles que eu infectei ou dos atos que eu pratiquei devem ser minhas, sem que isso reflita no Estado ou possa prejudicar o bem comum. Porém, os mesmos que bradam pelo direito de fazer o que quiserem com seus corpos são os mesmos que querem que o Estado custeie tudo, inclusive as suas inconsequências…

Até a próxima!

 

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