Ministério da Defesa se manifesta sobre gastos com alimentação
Na quarta-feira (27/01), o Ministério da Defesa divulgou nota para explicar os gastos do governo com alimentação no ano passado. A manifestação veio após divulgação, pelo site Metrópoles, de que o Executivo desembolsou mais de R$ 1,8 bilhão com produtos alimentícios em 2020, representando um crescimento de 20% em relação a 2019. Entre os itens polêmicos estavam a compra de leite condensado e de gomas de mascar.
Em nota, o ministério destacou que as Forças Armadas devem, por lei, prover alimentação aos militares em atividade. “Ao contrário dos civis, os militares não recebem qualquer auxílio alimentação. O efetivo de militares da ativa é de 370 mil homens e mulheres, que diariamente realizam suas refeições, em 1,6 mil organizações militares espalhadas por todo o país”, justifica.
O ministério também alega que o valor diário por militar é de R$ 9 desde 2017. Com esses recursos são adquiridos os gêneros alimentícios para três refeições diárias (café da manhã, almoço e jantar). A justificativa para os valores, principalmente com leite condensado, de R$ 15 milhões, é que “as Forças Armadas têm a responsabilidade de promover a saúde da tropa por meio de uma alimentação nutricionalmente balanceada, em quantidade e qualidade adequadas, composta por diferentes itens”, diz a nota.
“O leite condensado é um dos itens que compõem a alimentação por seu potencial energético. Eventualmente, pode ser usado em substituição ao leite. Ressalta-se que a conservação do produto é superior à do leite fresco, que demanda armazenamento e transporte protegido de altas temperaturas”, explicou.
A Defesa também informou que, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o brasileiro consome em média 5,6 gramas de doce à base de leite por dia. “Por se tratar de um contingente eminentemente jovem, o consumo, eventualmente, pode ser até um pouco superior”, argumenta.
Higiene bucal
Sobre as gomas de mascar, que custaram aos cofres públicos R$ 2,2 milhões em 2020, a pasta disse que “o produto ajuda na higiene bucal das tropas, quando na impossibilidade de escovação apropriada, como também é utilizado para aliviar as variações de pressão durante a atividade aérea”.
Por fim, a nota destacou que, em 2020, as Operações Covid-19 e Verde Brasil 2 demandaram um enorme esforço das tropas diuturnamente. "Só no combate à pandemia, mais de 34 mil militares atuaram diariamente em todo o território nacional."
Para a pasta, portanto, “considerando o efetivo das Forças Armadas, é natural que os totais de gêneros, quando somados, apresentem valores compatíveis com sua missão e tarefas”.
Após a manifestação do Ministério da Defesa, a Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) publicou uma nota em conjunto com a Controladoria-Geral da União (CGU), Ministério da Educação e Defesa com mais detalhes sobre o caso. Segundo o órgão, uma falha no preenchimento de formulários e identificação de preços foi encontrada pela equipe da Secretaria de Gestão do Ministério da Economia, o que acabou elevando os preços apresentados.
A Secom também informou que, além das Forças Armadas, universidades, hospitais universitários e escolas federais que servem refeições para alunos, professores e servidores entram na conta. De acordo com o órgão, apenas a rede de escolas federais é composta por 41 instituições, além de 50 hospitais vinculados a universidades federais.
“A lista de gêneros alimentícios vista de forma isolada, sem contextualização, dá margem à má interpretação e conduz a opinião pública, de forma errônea, em direção oposta à real e transparente utilização dos insumos publicitados”, argumentou o governo.