Ministros das Relações Exteriores e da Defesa deixam o governo
[Notícia atualizada]
Dois ministros do governo Bolsonaro pediram demissão nesta segunda-feira, 29/03. O primeiro anúncio teria sido feito pelo ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, aos seus subordinados no Planalto. No fim da manhã, ele se reuniu com secretários no Itamaraty. Em seguida, foi ao Palácio do Planalto e esteve com o presidente, com o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e com Filipe Martins, assessor especial para assuntos internacionais da Presidência. O chanceler afirmou que não queria ser um problema para o presidente.
Araújo vinha sendo pressionado, principalmente por parlamentares, que o criticaram por falhas nas relações diplomáticas que teriam prejudicado a aquisição de vacinas contra a Covid-19. No fim de semana, o chanceler se envolveu em um novo embate com parlamentares, que complicou ainda mais a situação dele no Itamaraty. Em mensagem postada no Twitter, ele afirmou que a senadora Kátia Abreu (PP-TO), presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, cobrou o apoio dele à tecnologia chinesa do 5G, indicando que este era o real interesse dos parlamentares, e não as vacinas. Um grupo de senadores se preparava para apresentar um pedido de impeachment do ministro.
Ainda nesta segunda-feira, o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, também comunicou que deixará o cargo. A informação foi confirmada pela assessoria da pasta, que divulgou à imprensa cópia da mensagem de Silva.
No texto, o ministro agradece ao presidente Jair Bolsonaro a oportunidade de “servir ao país”, integrando o governo por mais de dois anos. “Nesse período, preservei as Forças Armadas como instituições de Estado”, afirma Silva antes de afirmar que deixa o posto com a certeza de ter cumprido sua “missão”.
Silva também afirma ter dedicado total lealdade ao presidente, e agradece aos comandantes das Forças Armadas (Aeronáutica, Exército e Marinha), bem como às respectivas tropas, “que nunca mediram esforços para atender às necessidades e emergências da população brasileira”.
Ex-chefe do Estado-Maior do Exército e comandante da Brigada Paraquedista antes de ir para a reserva, Azevedo estava à frente do Ministério da Defesa desde o início do governo Bolsonaro, em janeiro de 2019. Ele foi indicado para o cargo em novembro de 2018, depois que o presidente optou por nomear o também general Augusto Heleno – que estava cotado para assumir o ministério – para o comando do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
No início da noite, o presidente Jair Bolsonaro se manifestou pelas redes sociais e confirmou a saída dos dois ministros, além de detalhar outras mudanças no comando dos ministérios:
"- Alteramos a titularidade de seis ministérios nesta segunda-feira (29). As seguintes nomeações serão publicadas no Diário Oficial, a saber:
• Casa Civil da Presidência da República: General Luiz Eduardo Ramos Baptista Pereira;
• Ministério da Justiça e Segurança Púbica: Delegado da Polícia Federal Anderson Gustavo Torres;
• Ministério da Defesa: General Walter Souza Braga Netto;
• Ministério das Relações Exteriores: Embaixador Carlos Alberto Franco França;
• Secretaria de Governo da Presidência da República: Deputada Federal Flávia Arruda;
• Advocacia-Geral da União: André Luiz de Almeida Mendonça."