Morador da linha Buratti constrói mirante e gruta em homenagem aos pais

A linha Buratti, no interior de Bento Gonçalves, passou a contar com dois pontos turísticos muito especiais: um mirante e uma gruta em homenagem ao casal Geraldo e Aurora Bellé (em memória). Os espaços foram construídos pelo filho, Valdecir Bellé, como uma forma de homenagem aos pais que tanto contribuíram com a comunidade local. 

O mirante está localizado em um dos pontos mais altos da linha, propiciando uma vista de tirar o fôlego. No local, seu Geraldo costumava apreciar a linha Buratti e fazer algumas brincadeiras com os moradores. “Como na parte de baixo do precipício fica o campo de futebol da comunidade, era muito comum que, nos dias de jogos, ele rolasse pedras para assustar os jogadores, que imaginavam que o perau ia cair… Claro que, como entre o fim do perau e o campo passa o Rio Buratti, não havia perigo, era só mais uma das brincadeiras dele”, recorda o filho. 


 

Dessa forma, no começo deste ano Valdecir decidiu criar uma plataforma para valorizar o espaço tão apreciado pelo seu pai. “Pensamos em algo bem simples, mas, com ideias, opiniões e ajuda de amigos, ficou maior e melhor do que esperava. Foram quatro dias de trabalho para fazermos a estrutura”, conta. O espaço recebeu o nome de “Mirante do Geraldo” e conta com alguns elementos que relembram a vida de Geraldo. “O sino (seu brinquedo favorito, que ganhou do cunhado há décadas para chamar quem estivesse na roça), um barril de vinho, rodas de carroça e um arado, que representam o trabalho no campo”, cita. “O próximo passo é colocar iluminação”, adianta Valdecir. 


 

Já a gruta foi construída em homenagem a sua mãe, que apreciava a tranquilidade da natureza. O local passou por limpeza e ajustes e recebeu a imagem de Nossa Senhora de Caravaggio e Santo Antônio, por ter sido uma católica muito devota. “É um lugar bonito, tranquilo, que simboliza muito a mãe. Ainda estamos embelezando o local, que é conhecido como ‘rieto’, que significa ‘riozinho’”, esclarece Veldecir. 


 

Depois de prontos, os locais foram divulgados por Valdecir a familiares e amigos, por meio do WhatsApp, “o que fez com que várias pessoas já viessem visitar o espaço”, revela. “Elas realmente ficam impressionadas com a vista do local. Uma vizinha fez as fotos do seu aniversário por lá”, conta. E não apenas o capricho e a beleza dos locais encantam, como também a linda homenagem feita pelo filho a um casal tão querido pela comunidade.

Sobre seu Geraldo e dona Aurora


Foto: arquivo pessoal
 

Geraldo Bellé nasceu e cresceu na linha Buratti. Filho de Desidério Bellé e Tereza Zanetti Bellé, casou-se com Aurora em 1958, permanecendo na colônia até o início da década de 1960. Na cidade, trabalhou na empresa Fasolo, na Corsan e na empresa Dreher. Em 1972, concretizou seu anseio de retornar à linha Buratti, passando a cultivar as terras que antes pertenceram aos seus pais, além da criação de animais e da produção de vinho. “Geraldo considerava uma ‘vergonha’ que um agricultor precisasse comprar qualquer tipo de alimento, um atestado de que não era capaz de produzir”, recorda o filho Valdecir.

Aurora nasceu na Linha 40, em Pinto Bandeira, e sempre trabalhou na colônia. Filha de Judith Piva Zandoná e Sebastião Zandoná, sempre auxiliou nas atividades de cultivo e na criação de animais. “Para ajudar no sustento da família, toda semana ia à cidade, inicialmente a cavalo, para vender os diversos alimentos produzidos na propriedade da família. Com o passar dos anos, o cavalo foi substituído pelo caminhão da família, geralmente conduzido pelo filho Valdir, e depois pela icônica Brasília amarela do Geraldo”, conta. 

Geraldo e Aurora sempre foram muito ativos na comunidade, auxiliando em obras coletivas e participando das atividades locais, quase sempre ligadas à igreja e ao salão comunitário, pontos de encontro das famílias da época. “As maiores lutas do Geraldo sempre foram a despoluição do rio e melhores condições de acesso, com uma estrada melhor, que são lutas que temos até hoje”, reforça o filho. 
 

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