Moradores de Bento denunciam envenenamento de cães e gatos nos bairros Universitário e Licorsul
O envenenamento de animais em Bento Gonçalves tem sido alvo de denúncias de tutores e protetores de animais há anos. Na última semana, entretanto, a morte de cinco cachorros e dois gatos em uma mesma semana, preocupou moradores do bairro Universitário. Já neste último final de semana, outros dois gatos tiveram o mesmo destino no bairro Licorsul. “Mais duas vítimas da crueldade humana. É revoltante saber que existem pessoas que acham que tem o direito de causar tanta dor e a morte de outro ser”, desabafou a protetora Ketlin Anderle, em uma postagem no Facebook.
Ketlin cuidava diariamente dos animais em uma empresa abandonada no bairro. Foram várias tentativas de resgatá-los, mas a protetora relata que eles eram assustados e fugiam quando pessoas se aproximavam. “Durante todo esse tempo, estive tentando conquistar a confiança deles, mas alguém chegou antes e mostrou o lado mau do ser humano. E infelizmente isso não pode ser desfeito”, complementa. Segundo Ketlin, os animais estavam desaparecidos desde a última quarta-feira, 13/05, e no domingo, 17/05, ela decidiu procurá-los dentro da empresa. “Encontrei um deles retorcido entre as pedras. Foi difícil tirar. Eles devem ter morrido antes [de domingo]”, relata.
Já no Universitário, uma onda de envenenamento tem deixado os moradores assustados. Na rua Presidente João Goulart, cinco cachorros e 2 gatos foram mortos na última semana. “Existia 5 cachorros soltos e o pitbull que estava preso no porão de uma casa. Desses, 5 tinham dono, mas estavam sempre soltos pela rua, tanto que bastante gente dava comida, abrigo quando chovia e eu era uma! Domingo de tarde eu vi todos os 5 brincando na rua, porém, segunda automaticamente todos os cachorros sumiram. Eu de início pensei que eles poderiam estar em alguma casa como estava frio, mas infelizmente segunda no final do dia o pitbull veio a falecer e a forma que ele morreu não tem como não dizer que não foi envenenamento. Terça de manhã acharam outro cachorro já morto no meio do mato, eu procurei para ver se achava mas não consegui achar nada porque pensei que eles poderiam estar mortos, mas no mato. Parece que ontem (17/05) conseguiram achar outros dois. Um ainda está desaparecido!”, explica uma moradora da rua. De acordo com ela, há 4 anos o mesmo aconteceu com sua cachorra, que estava dentro do pátio.
A dona de dois dos animais mortos, uma pitbull e uma vira-lata, conta que a morte das cachorras deixou toda a família abalada. “É alguém de tão perto, que fica rodeando os pátios. Agora adotei outros dois cachorrinhos, porque minhas crianças ficaram muito tristes, e estou deixando eles trancado dentro de casa, com medo de que aconteça o mesmo”, desabafa.
Outra moradora da mesma rua também afirma que essa foi a segunda vez que seus animais foram envenenados. “Há uns dois anos um gato nosso foi envenenado, mas ele sobreviveu depois de ficar 8 dias internado em uma clínica. E há uns 10 anos tivemos uma fila envenenada também, dentro do pátio”, recorda. Desta vez, uma outra gatinha da moradora foi vítima de envenenamento e, apesar de ter sido levada ao veterinário, ela não sobreviveu. “Ela já chegou [na clínica] tendo convulsões. Depois de umas 5 horas acabou falecendo”, lamenta.
De acordo com os moradores, há suspeita de quem possa ser o autor dos envenenamentos, mas não há provas para fazer acusações.
No canal de denúncias da prefeitura de Bento Gonçalves, o Fala Cidadão, é necessário ter ao menos um suspeito para efetivar o protocolo, a fim de que os casos sejam averiguados. Entretanto, os moradores têm medo de acusar sem provas.
Segundo a vice-presidente da ONG Amigos Pet BG, Aline Cris Ambrosi, a entidade quer ajudar a descobrir quem está por trás dos envenenamentos, mas precisa de auxílio dos moradores. “Quando acontecer casos como esse, a pessoa precisa conseguir um laudo veterinário, comprovando o envenenamento. E também registrar um Boletim de Ocorrência na delegacia”, instrui. Caso a pessoa não tenha condições de levar o animal até uma clinica, é possível entrar em contato com a ONG por meio da página no Facebook, a qual auxiliará a pessoa a conseguir um laudo veterinário. “Precisamos desse laudo e do BO para podermos fazer uma denúncia no Ministério Público”, explica.
Fotos: Arquivo Pessoal