Moradores do Santa Rita reclamam de transtornos causados pelo movimento de caminhões

Bento Gonçalves tem vivido um forte período de desenvolvimento nos últimos anos, com a criação e ampliação de diversas empresas importantes para a economia local. Mas muitos avanços também podem ser sinônimos de transtorno para parte da população. Um exemplo é a ampliação da M Dias Branco (Isabela), no bairro Santa Rita. Há cerca de dois anos, moradores do entorno da empresa viram suas ruas tranquilas se transformarem. 

De acordo com os residentes, as ruas Luiz Fornazier e Cândido Zandonai são as mais afetadas. “Não raro, mais de 20 caminhões ficam espalhados por lá. Arrancam lixeiras da calçada, estacionam em saídas de garagens, ligam o motor à noite para usar o ar-condicionado e se movimentam de madrugada com os apitos ininterruptos da marcha ré”, desabafa uma moradora. Além disso, ela afirma que os motoristas deixam resíduos como embalagens de comida, leite e até mesmo fraldas sujas penduradas em árvores. “Ainda arrancaram galhos e terminaram com árvores da calçada, varrem seus caminhões e deixam sujeira na rua”, relata. 


 

Outra questão envolvendo o intenso trânsito de caminhões diz respeito ao movimento das ruas. “Um bairro tranquilo, onde as crianças podiam correm, andar de bicicleta, virou um inferno”, lamenta a moradora. 

De acordo com a comunidade, a prefeitura, o Ministério Público e a própria empresa já foram contatados, mas nenhuma resposta efetiva foi dada até o momento. “Eles construíram um espaço para que os caminhoneiros estacionem, mas eles se negam, talvez porque seja mal estruturado. Falam que a rua é pública. Enfim, todos enrolam ou não são responsáveis. Entendo que ninguém quer brigar com a gigante pagadora de impostos, mas na hora de deixar uma empresa desse porte criar esse elefante no meio de Bento, ninguém pensou na comunidade que também paga impostos, certo?”, desabafa. 


 

No Ministério Público, as consequências geradas com a ampliação da empresa vêm sendo acompanhadas desde 2018. No inquérito civil que investiga a empresa e a prefeitura de Bento Gonçalves, está sinalizado o impacto provocado pelo trânsito de caminhões no local e, ainda, a questão da licença ambiental, devido à retirada da vegetação nativa. 

De acordo com o promotor Elcio Meneses, o MP recebeu a reclamação de um morador por e-mail nos últimos dias, a qual foi anexada ao inquérito. “Agora o ofício foi encaminhado à empresa e ao município, com prazo de 15 dias para resposta”, afirma. A demora para conclusão do inquérito, segundo o promotor, está ligada à complexidade da instalação e das adequações necessárias para essa atividade. “Quanto à questão dos caminhões, além de local apropriado (estacionamento), também havia a informação da construção de um ponto de espera na BR (área contígua), em Garibaldi. Tudo, segundo a empresa, para minimizar a questão do ruído e acúmulo de caminhões”, comenta. 

O que diz a empresa

Em nota oficial enviada ao SERRANOSSA, a M Dias Branco afirmou que mantém contato com os moradores locais e que está atenta às suas solicitações. No momento, a empresa já dispõe de um estacionamento para caminhões, com vestiários e chuveiros, que deverá ser ampliado em breve para comportar 50 vagas. “Além disso, recentemente, adquirimos um terreno com mais de 10mil m² que também servirá de estacionamento”, afirma a empresa. 

A M Dias Branco ainda afirma que solicitou à prefeitura de Bento Gonçalves mudanças na sinalização das ruas do entorno da empresa, a fim de proibir a permanência de veículos de carga, admitindo apenas os veículos dos moradores. “Reiteramos nosso compromisso e respeito a todas as famílias que vivem no entorno da fábrica”, finaliza. 

Já a prefeitura de Bento Gonçalves afirma que já está em contato com os responsáveis e que em breve divulgará uma posição. 

Fotos: Arquivo pessoal