Moradores reclamam de coleta de lixo misturado

Morador de um edifício na rua João Pessoa, no bairro Santa Rita, Michel Marcante afirma que se mantém alerta todos os dias, no início da tarde, quando o caminhão da coleta de lixo recolhe os resíduos na lixeira do seu prédio. O motivo é uma cena que, de acordo com o morador, tem se repetido há meses: o recolhimento do lixo reciclável junto com o material orgânico, o único que deveria ser levado diariamente.

Por várias vezes, Marcante relata que conseguiu evitar que os detritos secos fossem levados misturados com os demais. Nesta semana, indignado, perguntou aos funcionários da empresa o porquê de a prática ser constante. “O que eles me disseram é que a orientação é levar o que estiver nas lixeiras. Acontece que aqui no prédio as lixeiras de lixo orgânico e seco estão a uns dez metros de distância uma da outra. E não tem nem como dizer que é engano, porque também tem placas identificando as duas”, reclama.

O que mais revolta Marcante – que contatou por telefone a redação do SERRANOSSA para denunciar o problema – é o fato de que, segundo ele, os moradores do local respeitam a separação e os dias da coleta seletiva, mas o serviço não tem sido executado corretamente. “A gente lava, limpa tudo bem direitinho antes de colocar no lixo e eles vêm e recolhem com o orgânico. Eu mesmo já liguei há um tempo para o 0800 da prefeitura (no atendimento do “Fala, Cidadão”) e ninguém fez nada. Liguei mais uma vez e agora espero que resolvam, porque nós sabemos muito bem que a empresa ganha pela quantidade que recolhe”, desabafa Marcante. 


São Bento

Artur Verona, morador da rua Tocantins, no bairro São Bento, também procurou a reportagem e relatou ocorrências semelhantes na área em que vive. Segundo ele, até cerca de um mês atrás, era comum o lixo reciclável ser totalmente carregado pelo caminhão do orgânico. A situação melhorou um pouco após reclamações à prefeitura e à empresa, mas ainda não foi completamente resolvida. “De vez em quando ainda acontece, então, quando a gente vê que o caminhão está passando, vamos para a rua e ficamos cuidando. Se não fosse assim, se a gente não ficasse no encalço, com certeza iria continuar como antes ou até piorar”, afirma Verona.


O que diz a empresa

Responsável pelo serviço de coleta e destinação final do lixo seco e orgânico em Bento Gonçalves, a empresa RN Freitas se defende declarando que a comunidade ainda não pratica de forma correta a separação dos resíduos e, principalmente, a colocação do material nas ruas nos dias certos. “O que for colocado para fora nos dias do orgânico vai ser recolhido pelo caminhão do orgânico. Não tenho como manter a cidade limpa escolhendo lixo”, rebate o diretor Rui Nascimento Freitas.

Mesmo assim, Freitas reconhece que, no caso apresentado por Marcante, por exemplo, em que os detritos do prédio estão separados por lixeiras identificadas, pode haver uma falha operacional da empresa. “É claro que pode acontecer, mas é algo que sempre tentamos corrigir. Só que não adianta a gente querer fazer um trabalho melhor se a população não se adequar”, conclui o diretor. Recentemente, a RN Freitas aumentou de duas para três vezes semanais a coleta seletiva em alguns bairros.


Smmam

O secretário do Meio Ambiente, Luiz Augusto Signor, destaca que o assunto foi abordado em recente reunião com a RN Freitas, mas também ressalta que ainda há dificuldade de conscientização plena da população no que se refere a seguir o cronograma de coleta. “Nós sempre cobramos que a empresa tenha mais cuidado, mas eles também enfrentam problemas e depois acabam tendo retrabalho. Acontece muito de ter que buscar lixo orgânico que estava misturado com o seco e foi parar nas recicladoras”, aponta Signor.

Sucesso no lixo eletrônico

Desenvolvido pela Associação Ativista Ecológica (Aaeco), o projeto de recolhimento de lixo eletrônico vem se consolidando cada vez mais em Bento Gonçalves. Em 2014, 22 caminhões já foram carregados pela entidade, que ainda deve despachar outros 10 até o final do ano. Em 2013, foram 33. “Quase 90% do que carregamos é entregue aqui na sede da entidade, e o resto nós buscamos. Isso mostra que, quando as coisas são bem feitas, as pessoas colaboram. Tem que funcionar, aí todo mundo faz a sua parte”, diz o secretário-geral da entidade, Gilnei Rigotto. Quem tiver equipamentos que não são mais utilizados, em funcionamento ou não, pode repassá-los à associação, que funciona na avenida Osvaldo Aranha, 493, junto ao antigo Estádio da Montanha. Se houver necessidade, a própria entidade recolhe o material. Os telefones para contato são (54) 3452 9710 e (54) 8136 3253.


Reportagem: Jorge Bronzato Jr.


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