Morte indicaria guerra interna em quadrilha
Segundo o jornalista Guilherme Pulita, do Grupo RBS, o homicídio registrado no último final de semana no bairro Conceição, em Bento Gonçalves, é o indicativo de uma guerra interna na quadrilha responsável por um dos maiores esquemas de tráfico desarticulado pela Polícia Federal nos últimos anos na Serra Gaúcha. O crime aconteceu por volta das 14h50, na rua Ângelo Bridi. A vítima, José Eduardo de Brum, o Careca, 31 anos, era apenado do regime semiaberto da Penitenciária Industrial de Caxias do Sul.
Careca foi morto com 10 tiros disparados contra a cabeça e o tórax, um forte indício de execução. Pulita teve acesso, em Caxias, a detalhes do crime. A vítima e um conhecido conversavam em via pública quando um Corolla de cor preta se aproximou e atirou contra os dois. O carro era blindado e conduzido por uma mulher. Careca, alvo principal da emboscada, foi o primeiro a ser alvejado e, mesmo após cair, continuou sendo atingido. O homem que estava com ele tentou escapar, mas foi baleado duas vezes. Com ferimento no braço, na perna e no quadril, ele foi socorrido e liberado no mesmo dia, após atendimento médico. Segundo o jornalista, os disparos só cessaram por uma possível trapalhada dos atiradores: um dos criminosos teria sido baleado pelo comparsa que o acompanhava na ação. Enquanto o sobrevivente do ataque era levado para o Hospital Tacchini, o Corolla preto seguia em direção a Caxias do Sul em alta velocidade. “Dentro do carro estavam Alexsandro de Oliveira Gomes, o Alex Santa Cruz – ferido com um tiro nas costas – a companheira dele, Fernanda Girelli Queiroz, além de um criminoso que participou da execução de Careca, ainda não localizado. Esse último seria o autor do tiro contra Alex. Menos de 40 minutos depois de participar do assassinato em Bento, Alex Santa Cruz dava entrada no Hospital Pompéia, em Caxias do Sul. A Brigada Militar, que já caçava pela Serra o Corolla preto, foi informada pelo Pompéia sobre a entrada do baleado”, diz uma postagem feita pelo jornalista no blog “Caso de Polícia”.
Uma testemunha da execução de Careca foi levada a Caxias do Sul e reconheceu Alex Santa Cruz. O criminoso baleado e a companheira foram autuados em flagrante e tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça.
Segundo atentado
O casal vinha sendo investigado pela Delegacia de Homicídios de Caxias do Sul por envolvimento em uma tentativa de homicídio contra Careca ocorrida em julho. Na manhã do dia 31, ele foi emboscado quando deixava o Albergue Prisional de Caxias. Ele e outro detento foram surpreendidos por ocupantes de um Gol, logo depois de embarcarem em um Corsa estacionado em frente ao albergue. Durante o tiroteio, os dois apenados abandonaram o carro e fugiram a pé. Careca foi baleado na nádega e levado ao Hospital Pompéia. O outro presidiário não ficou ferido.
Segundo a apuração de Pulita, a morte de Careca e o reconhecimento de Alex Santa Cruz como um dos envolvidos é a prova da guerra entre os pistoleiros da quadrilha que, no começo da década, tentou dominar o tráfico na Serra.
Velhos conhecidos
Careca e Santa Cruz são corréus em dois processos que julgam três mortes, todas de apenados. Eles são acusados de envolvimento na morte de Daniel Junior Suzin, 26, preso do semiaberto. O crime aconteceu no dia 21 de março de 2010, no Jardim América, em Caxias. Suzin havia saído do presídio e seguia, de moto, para casa acompanhado da também apenada Kelen Thais de Oliveira, 25. Eles foram interceptados por um veículo, que os derrubou da motocicleta. Suzin estava de colete à prova de balas, mas foi executado com sete tiros na cabeça. Kelen escapou por ter se fingido de morta. Em prisão domiciliar após o atentado, ela foi vítima da segunda tentativa, no dia 14 de junho de 2010. Kelen e o novo namorado, o detento Rafael de Oliveira Cavalheiro, o Quinhentos, 26, foram mortos. Alex Santa Cruz e Careca foram pronunciados pelo assassinato.
O blog informa que, de acordo com o Ministério Público, eles agiram a mando de Cleverson Domingues de Freitas, o Batoré, alvo de duas operações da Polícia Federal. O suposto mandante é apontado como o chefe da uma quadrilha de tráfico internacional de drogas.
Reportagem: Greice Scotton
*Texto com base na postagem extraída do blog “Caso de Polícia”, reproduzido com autorização do jornalista Guilherme Pulita.
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