Móveis: Bento exporta mais que RS e Brasil

A indústria moveleira de Bento Gonçalves está tendo um desempenho muito superior ao resto do Estado e do país em 2012, segundo confirmam dados do setor divulgados nesta semana pela Associação das Indústrias de Móveis do Rio Grande do Sul (Movergs) e pelo Sindicato das Indústrias do Mobiliário de Bento Gonçalves (Sindmóveis). Enquanto no Rio Grande do Sul e no Brasil as exportações caem e o faturamento total cresce pouco em relação ao ano passado, o município tem registrado números positivos e boas perspectivas.

Estatísticas do setor para os primeiros meses do ano atestam que o faturamento da indústria moveleira teve aumento nominal maior em Bento Gonçalves do que no somatório do setor no Rio Grande do Sul, na comparação com o ano passado. No primeiro trimestre, o crescimento do faturamento no Estado foi de 2,5% em relação ao primeiro trimestre de 2011, enquanto em Bento o avanço foi de 13,6%, segundo o Sindmóveis. Em 2012, o polo de Bento responde por 39,41% do faturamento do Estado no setor, segundo o Sindmóveis. A participação cresceu em relação ao ano passado, quando chegou a 38,94%.

Também no quesito exportações a indústria de Bento vem tendo mais sucesso do que o somatório do setor no Estado e no país. Segundo a Movergs, o Rio Grande do Sul amarga queda de 2,5% nas vendas para outros países em relação aos quatro primeiros meses de 2011. No somatório das exportações de móveis de todo o Brasil, a queda é de 7,6%. A indústria de Bento Gonçalves, por outro lado, registrou crescimento de 4,1% nas exportações.

“O dólar não era favorável no começo do ano. E com esta crise financeira, o mundo não está comprando. Está muito difícil competir com mercados de países onde o setor moveleiro tem mais facilidades”, afirma o presidente da Movergs, Ivo Cansan, sobre o mau desempenho das exportações gaúchas no começo do ano. Segundo ele, o que explica o saldo positivo das exportações de Bento Gonçalves é o fato de as indústrias moveleiras locais serem mais atuantes e fortes no quesito exportações.

Para a presidente do Sindmóveis, Cátia Scarton, a explicação está na reação à crise europeia e na expansão do número de mercados no exterior. “As empresas de Bento Gonçalves começaram a buscar outros mercados, como em países da América Latina, que não estão sentindo tanto a crise europeia. Além disso, temos produtos que têm diferenciais de design, e não somente de preço”, afirma Cátia.


Valorização do dólar e novos mercados

Tanto a Associação das Indústrias de Móveis do Rio Grande do Sul (Movergs) quanto o Sindicato das Indústrias do Mobiliário de Bento Gonçalves (Sindmóveis) comemoram a desvalorização do real e a alta do dólar verificadas durante a semana. Para o setor, dólar valorizado significa faturamento maior para as exportações e queda nas importações de móveis. A crise financeira da Europa e as restrições impostas à entrada de produtos importados na Argentina, por outro lado, vêm obrigando o setor a procurar mercados alternativos.

Os principais mercados internacionais do setor moveleiro gaúcho são o Uruguai, o Reino Unido e o Chile. Nos dois primeiros meses de 2012, porém, foi registrada forte retração no Reino Unido, com queda de 29,8% nas exportações em relação ao mesmo período do ano passado. Na relação comercial com o Chile o índice foi menor: -2,4%. Já no Uruguai, as vendas aumentaram 21,6%.

A alta do dólar e o desenvolvimento de relações comerciais com novos mercados vêm para reverter o saldo negativo das exportações gaúchas, avaliam as lideranças do setor moveleiro. As vendas para a Venezuela e para o México, por exemplo, apresentaram forte alta nos primeiros meses deste ano, em relação a 2011. Para o presidente Ivo Cansan, esse pode ser um caminho enquanto a crise não passa. “Os países das Américas Central e do Sul ainda estão consumindo.”

A valorização do dólar durante esta semana, a maior desde 2009, também é vista com bons olhos pelo setor, mas com ressalvas. “Achamos a valorização do dólar excelente, desde que não haja oscilação, porque isso afeta a importação de insumos das empresas moveleiras”, afirma Ivo Cansan. Para Cátia Scarton, porém, a valorização ainda vai levar tempo até beneficiar as empresas: “Não vamos perceber de imediato.”

Vendas para a Argentina caíram 9,5%

Na Argentina, sexto mercado para as exportações gaúchas de móveis, as vendas das empresas do Rio Grande do Sul caíram 9,5% nos dois primeiros meses deste ano em relação ao mesmo período no ano passado, reflexo de medidas de protecionismo da indústria nacional impostas pelo governo argentino, que aumentou a burocracia para a entrada de produtos estrangeiros, desencorajando mercados exportadores. Para os empresários gaúchos, é tempo de reagir na mesma dose e procurar outros mercados.

“A Argentina quer impor barreiras a todo custo. Agora o governo brasileiro está começando a jogar muito forte também”, afirma o presidente da Movergs, Ivo Cansan. “Mas não acredito que essa situação se resolva em curto prazo.” Para a presidente do Sindmóveis, Cátia Scarton, as empresas que enfrentam barreiras na Argentina devem diversificar seus mercados. “A Argentina era um importante importador. Ainda representa um destino importante, mas está ficando muito complicado”, diz Cátia. “O caminho para os exportadores é procurar outros destinos para compensar isso.”

 
Perspectiva para 2012

O Sindicato das Indústrias do Mobiliário de Bento Gonçalves (Sindmóveis) estima que o pólo moveleiro de Bento Gonçalves exporte cerca de US$ 70 milhões em 2012. Em 2011, as exportações representaram 6% do faturamento total do setor no município.

 
Bento e RS

O setor moveleiro tinha 2,2 mil empresas funcionando no Rio Grande do Sul em 2011, gerando 38,4 mil empregos. Em Bento Gonçalves eram 300 empresas, com 11 mil postos de trabalho. 

 

Reportagem: Eduardo Kopp

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