MPF investiga suposto esquema de pirâmide financeira no Estado

Segundo a Procuradoria da República no Município de Novo Hamburgo, foi instaurado inquérito para apurar a relevância cível e criminal das atividades financeiras desenvolvidas pelas empresas InDeal e Unick, dentre outras do ramo de investimentos. Embora seja comum esse tipo de investimento na região de Bento Gonçalves, de acordo com o Procurador da República Luis Felipe Schneider Kircher, até o momento, não há procedimento investigatório criminal envolvendo a empresa Unick na cidade.

Na última semana, o procurador da República Celso Tres já havia se manifestado à imprensa, revelando que a prática das empresas poderia ser classificada como “um clássico caso de pirâmide financeira", no qual a empresa promete 5% para cada novo investidor que é apresentado ao negócio, mas somente os primeiros recebem os ganhos.  “Os primeiros acabam recebendo para atrair mais pessoas, mas quando o passivo se avoluma os demais ficam no prejuízo total”, explicou em entrevista à Gaúcha ZH, no último dia 18.

De acordo com o advogado Leonir Staudt, um memorando emitido ainda em novembro de 2018 pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) já apontava evidências de práticas ilícitas cometidas pela Unick e seus sócios e prepostos. O documento também revela que há fortes indícios de fraude. “Para além das irregularidades administrativas, os elementos colhidos no processo apontam de forma bastante forte para a existência de um esquema fraudulento, sendo o ardil empregado para cooptar investidores composto da oferta de altos retornos sem qualquer risco”, destaca. Por ter alertado muitos investidores acerca dos riscos de investir nessas empresas, Staudt conta que chegou a receber ameaças de pessoas ligadas a investidoras envolvidas no suposto esquema.

Em entrevista ao SERRANOSSA, alguns investidores que preferem não se identificar relatam como funciona o acordo para investimentos nessas empresas. Segundo um deles, antes de aplicarem o dinheiro, é feito um contrato em cartório, entre a Unick e o cliente, o que daria garantia do investimento. No entanto, o que ocorre é somente o reconhecimento da assinatura constante no contrato, no qual o tabelião, que tem fé pública, atesta que a assinatura constante de um documento corresponde àquela da pessoa que a lançou.

E o número de clientes supostamente lesados não para de crescer, em uma breve consulta ao site reclameaqui.com.br, é possível identificar mais de 500 reclamações relacionadas à empresa Unick, e a maioria delas são motivadas por atrasos ou dificuldades para sacar ou reaver valores.

Nenhuma das empresas citadas nas denúncias se manifestou publicamente sobre o assunto.