Mudanças para retomar o crescimento

Aos celebrar seus 25 anos de história, o Congresso Movergs – realizado na última quarta-feira, dia 1º em Bento Gonçalves – propôs uma metamorfose no setor moveleiro. Em uma época de crise no setor, a solução sugerida para a retomada do crescimento é apostar na inovação. Para isso, o evento reuniu quatro importantes nomes para debater o atual cenário e apontar alguns caminhos para um futuro melhor. Os economistas Marcelo Villin Prado e José Roberto Mendonça de Barros, o administrador Luciano Almeida e o executivo Pedro Janot falaram para mais de 300 empresários e representantes do segmento.

 O presidente da Associação das Indústrias de Móveis do Estado Rio Grande do Sul (Movergs), promotora do evento, Ivo Cansan, afirmou que o congresso foi mais uma oportunidade de as indústrias refletirem na busca de alternativas e na superação dos desafios impostos por um momento econômico delicado e por um cenário mercadológico cada vez mais competitivo. “Sabemos da capacidade que o setor tem de reação e das condições de enfrentar as adversidades. Já passamos por outros momentos de cautela, mas nos qualificamos, buscamos alternativas, investimos e aqui estamos, mais uma vez, com este espirito empreendedor”, disse Cansan, em discurso.

A realidade do mercado e as tendências de consumo foram apresentadas para que cada empresa possa fazer suas escolhas para a retomada do crescimento. “Metamorfose” foi o tema selecionado para o evento com o objetivo de propor que todos façam as mudanças que forem necessárias para que isso ocorra. Durante o debate, era possível ver os principais líderes do polo moveleiro do Brasil acompanhando o ciclo de palestras.

Para o empresário Sérgio Dalla Costa, o congresso é uma oportunidade de o empreendedor refletir os rumos do mercado interno e a economia internacional. “É um momento único para obter diferentes perspectivas não só com os palestrantes, profissionais de grande visão e capacitação, mas também com outros empresários do setor que se reúnem aqui”, disse. “O congresso é uma ferramenta de gestão do setor moveleiro, pois temos a oportunidade de nos situarmos dentro do contexto industrial e econômico”, complementou o empresário Claudiomar Verza.

 

“Os modelos de crescimento que nos trouxeram até aqui se esgotaram”

 Há dez anos, o economista Marcelo Villin Prado, diretor do Instituto de Estudos e Marketing Industrial (IEMI) apresenta um panorama da performance do setor moveleiro durante o ano e as tendências e perspectivas para o futuro. Encomendado pela Movergs, o material serve para orientar o setor na tomada de decisões. Mais do que divulgar os números, Prado afirmou que tantos as grandes como as pequenas indústrias do Brasil precisam inovar para retomarem o crescimento. Na opinião do economista, o modelo adotado pelas empresas ao longo dos anos se esgotou e é preciso buscar a diferenciação para obter lucros. “Para isso é necessário sair do piloto automático e pilotar o seu time. Em 2015, a expectativa é que R$ 65 milhões em móveis sejam vendidos. Sua empresa só ficará com parte dessa fatia se você souber pilotar”, instigou.

O palestrante afirmou que, em dez anos de análise para elaboração do Panorama do setor, foi a primeira vez que o documento apresentou um dado negativo: a produção de móveis em 2014 teve um recuo de 0,8% . Para ele, em época de crise, a responsabilidade do crescimento sai do mercado e passa para as empresas. “Existe uma máxima onde ‘o que vende é o novo’, portanto, oferecer ‘mais do mesmo’ não irá proporcionar crescimento às empresas e ainda empurrará para a briga de preço, então, adeus lucro. Mais do que nunca, é preciso inovar”, orienta. 

 

Números do setor moveleiro

– 19 mil unidades produtivas e 298 mil empregos formais no Brasil

– 472 milhões de peças de móveis produzidas em 2014 (0,9% a menos que em 2013)

– De 2010 a 2014, o crescimento acumulado foi de 14% em volume, a uma taxa média de 3,3% ao ano (inferior à média mundial de 7,1% ao ano)

– A linha de dormitórios representa 34% da produção, seguida pelas linhas de escritórios (18%) e de cozinhas (12%)

– As linhas que mais recuaram foram dormitórios (-4,0%) e salas de jantar (-0,2%)

– São Paulo e Rio Grande do Sul são os maiores produtores de móveis, com 23,3% e 18,4%, respectivamente.

– Bento Gonçalves segue sendo o maior polo moveleiro do país, com 17,8% da produção nacional.

– Entre 2010 e 2014, a produção de peças cresceu 14%.

– Em 2015, estima-se recuo de 0,1% na produção de peças e alta de 5,7% em valores nominais

– Se confirmados os resultados, o varejo de móveis irá movimentar 424 milhões de peças e R$ 66,6 bilhões até o final de 2015.

 

Reportagem: Raquel Konrad

É proibida a reprodução, total ou parcial, do texto e de todo o conteúdo sem autorização expressa do Grupo SERRANOSSA.

Siga o SERRANOSSA!

Twitter: @SERRANOSSA

Facebook: Grupo SERRANOSSA

O SERRANOSSA não se responsabiliza pelas opiniões expressadas nos comentários publicados no portal.