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“Muito mais social do que policial”, diz Delegado sobre caso de criança em Bento Gonçalves

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A Polícia Civil segue investigando o caso

"Muito mais social do que policial", diz Delegado sobre caso de criança que morreu em Bento
Foto: Rádio Difusora

O caso da criança de 1 ano e sete meses que chegou sem vida para atendimento médico no Pronto Atendimento Zona Norte (PA Zona Norte), no bairro São Roque, na tarde de quinta-feira, 12/09, ganhou detalhes por parte da 1ª Delegacia de Polícia (1ª DP) de Bento Gonçalves nesta sexta, 13/09.

De acordo com o Delegado Ederson Bilhan, uma visita à residência da criança, identificada como João Ravi Sanção Silva, foi realizada na manhã desta sexta-feira. “As percepções iniciais é que se trata de um grave problema social, muito mais social do que policial”, disse à imprensa.

“Não dá para apontar, neste momento, que a morte decorre de maus-tratos, por vários fatores, mas o principal deles é que a perícia não está pronta. Só a perícia vai dizer se realmente é maus-tratos. Eu estou falando ‘maus-tratos’ sobre o viés de conduta ativa. Pode ter também maus-tratos sobre viés de conduta omissiva”, afirmou Bilhan.

Conversando com a família, o Delegado constatou que esta é uma família com sérios problemas sociais. A mãe é natural de Santa Catarina, morou em Carlos Barbosa e agora residia com uma parente em Bento Gonçalves. Na casa, moravam nove crianças (contando João e dois irmãos, além dos filhos da parente, chamada de ‘tia’) e quatro adultos, 13 pessoas no total, sendo uma residência humilde, de dois quartos.

“Lá no local, não vi evidências em relação às demais crianças de maus-tratos. Repito, maus-tratos sobre o ponto de vista de conduta ativa. Estou falando de lesão, de agressão, não vi nada neste viés lá. Não descarto a possibilidade de algum contexto de desnutrição, de um contexto de omissão de cuidado. Isso vai ser tratado com quem de direito [Conselho Tutelar, por exemplo]”, esclareceu.

A percepção inicial da investigação é de descartar um caso de maus-tratos (conduta ativa) em relação às demais crianças residentes da casa. Em conversa na escola onde as crianças estudam, professores afirmaram não terem percebido nenhum caso.

Sobre a morte de João, o Delegado explica que há dúvidas. “Estou realmente na dúvida se ela [a criança] realmente morreu em virtude de maus-tratos, ou seja, de agressão, de lesão, etc. Pode ter sido sim a causa da morte alguma conduta omissiva, negligência, falta de cuidado, mas isso só a perícia é que vai dizer.”

A responsável por cuidar da criança era a tia, visto que a mãe trabalha das 11h da manhã até por volta da 0h. Contudo, além de João, eram mais outras oito crianças para dar atenção. “É um baita de um problema social, um caso complexo. Não temos ainda evidência a cerca da causa da morte. Nenhum possibilidade descartada, inclusive, morte não decorrente de ação humana. Pode ser uma morte decorrente de algum tipo de doença, aí pode se apurar omissão, a falta de cuidado, a falta de zelo”, reforçou.

Depoimentos ainda serão tomados, principalmente da família e de vizinhos. O resultado da perícia deve sair nos próximos dias.

O velório de João ocorreu na manhã desta sexta-feira, 13/09, no Cemitério Municipal do São Roque.

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