Mulher morre durante procedimento para retirada de DIU em Minas Gerais

Caso ocorreu no último sábado, 04/11

Foto: Reprodução/Google Street View

Jessica Marques Vieira, de 32 anos, morreu no último sábado, 04/11, durante o procedimento para a retirada de um dispositivo intrauterino (DIU), na clínica Med Center, em Matozinhos, na Grande Belo Horizonte.

O pai da vítima, Lino Antônio Vieira, de 64 anos, contou ao G1 que a filha era paciente do cardiologista Roberto Márcio Martins de Oliveira desde 2011, porque nasceu com um sopro no coração, e ele quem faria a retirada do contraceptivo.

“Eu e meu genro que levamos ela lá, ficamos das 7h até as 11h. Ele tinha matado minha filha, retirou ela para a UPA de Matozinhos. Só lá que eu tomei conhecimento da morte. Eu quero justiça, aquele homem matou minha filha e ele tem que pagar por isso. O que eu estou passando, não desejo pra nenhum pai, pra nenhum familiar”, afirmou.

Conforme o boletim de ocorrência, o procedimento começou às 7h e até às 9h30 o pai e o genro da vítima, Elvis Fernandes dos Santos, não tinham recebido nenhuma notícia da paciente, o que levou a suspeitar que havia algo de errado.

O boletim de ocorrência relata que a recepcionista da clínica passou com duas bolsas de soro em direção ao consultório, retornou assustada e dispensou os demais pacientes que aguardavam atendimento. Questionada, ela alegou que “não sabia de nada”.

Algum tempo depois, funcionários da unidade de pronto atendimento (UPA) de Matozinhos chegaram à clínica com um desfibrilador e Jéssica foi levada para a UPA.

O pai da vítima contou à polícia que, quando os profissionais da saúde passaram com a filha pelo corredor para colocá-la na ambulância, ele percebeu que ela estava mais pálida que o normal e com os lábios bem roxos. Nesse momento, segundo o pai, ele viu que a filha já estava morta.

O aposentado perguntou ao médico se ela havia morrido, mas ele negou e disse que tinha feito procedimentos de ressuscitação por 19 vezes. O médico impediu que Elvis, marido de Jéssica, a acompanhasse na ambulância.

Já na UPA, por volta das 14h30, um rabecão do Instituto Médico Legal (IML) chegou ao local e Vieira descobriu, conversando com o motorista do veículo, que ele foi ao local para remover o corpo de uma “mulher de nome Jéssica”.

Na sequência, o médico responsável pelo procedimento informou à família sobre a morte da paciente. O pai de Jéssica pediu para ver o corpo da filha no necrotério da UPA, que segundo ele “já encontrava-se frio, com os lábios mais arroxeados e agora a face também encontrava-se com o aspecto arroxeado, e iniciando rigidez”, o que o levou a pensar que a filha morreu mais cedo.

Vieira procurou a clínica Med Center para pedir esclarecimentos sobre a morte de Jéssica, mas não teve resposta. O corpo dela foi enterrado no domingo, 05/11.

Em nota, o Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRM-MG) informou “que apura todas as denúncias recebidas, formais ou de ofício, por meio da abertura de procedimento administrativo para apuração dos fatos, tendo o médico amplo direito de defesa e ao contraditório, conforme previsto no Código de Processo Ético-Profissinal (CPEP). Ainda conforme o CPEP todo o procedimento corre sob sigilo”.

A entidade esclareceu ainda que “médicos registrados nos CRMs estão autorizados a realizar os procedimentos que entenderem necessários aos pacientes, mas não podem anunciar-se como especialistas caso não tenham a especialidade registrada no CRM de sua jurisdição, ficando sujeito às penalidades aplicáveis”.

A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) disse que a colocação e a retirada do DIU devem ser feitas exclusivamente por médicos, para priorizar a segurança e a qualidade da assistência à saúde das mulheres.