Na Câmara, sócios da BeWine defendem instalação do complexo no Vale

Semana também foi marcada por pedido de demissão do sub-prefeito e presidente da Comissão do Vale dos Vinhedos e por cartas de apoio de entidades a preservação do Vale


A polêmica quanto à construção de empreendimentos milionários no Vale dos Vinhedos segue em Bento Gonçalves. Nesta semana, a Câmara de Vereadores recebeu os sócios da empresa Sileno – Rafael Antonio Zardo, CEO, idealizador e fundador; Dilson Péres Júnior, comercial e jurídico; e Charles Tonet, marketing e P&D –, que apresentaram aos vereadores e à comunidade os detalhes sobre o BeWine, complexo que incluiu resort, parque do vinho e espaços para lazer e shows, e que busca aprovação do Conselho Distrital do Vale dos Vinhedos.
De acordo com os sócios, o projeto contempla uma área total de 13,56 hectares, com 3,1 hectares de viníferas plantadas e dois hectares de área nativa preservada. O BeWine quer construir de forma escalonada 421 quartos e ainda sete andares de adega vertical, com 18 mil rótulos, sendo 70% deles de vinhos nacionais, no chamado Parque do Vinho. O projeto ainda incluiu restaurante suspenso com vista em 180 graus, piscina com borda infinita e cachoeira.


Para dar conta de toda a estrutura, os sócios prometem atender o padrão Leadership in Energy and Environmental Design (Leed) de construção civil e sustentabilidade, com a instalação de duas estações de tratamento de esgoto independentes, aumento da infraestrutura de água, esgoto e gás às margens da ERS-444, usina solar para geração de energia, além de adequações solicitadas pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano (Ipurb), como a rótula de acesso e estacionamento próprio.


Os sócios esclareceram que a equipe durante o período de obras não deverá ultrapassar os 300 trabalhadores. “Estes profissionais, ao término da obra, são remanejados para a construção de outros empreendimentos, não havendo o risco de que essas pessoas fiquem vagando pelo município”, detalhou Zardo.

PEDIDO DE DEMISSÃO E CARTA DE APOIO
Na semana passada, toda a polêmica e troca de acusações entre lideranças políticas e empresariais motivou o pedido de demissão do sub-prefeito do Vale dos Vinhedos, que também é presidente do Conselho Distrital, Marciano Batistello. Em carta enviada à gestão municipal no último dia 30/03, ele afirmou que não pode continuar seu trabalho “ao lado de um governo que não tem a mesma visão de desenvolvimento”. No ofício, Batistello pede também o desligamento imediato do posto. Sua saída foi publicada no Diário Oficial.
A Aprovale e a Comissão Distrital do Vale dos Vinhedos receberam o apoio de diversas entidades ao longo das últimas semanas, como a Atuasserra, Conselho Municipal de Turismo de Garibaldi, e, mais recentemente, o Sindicato Empresarial de Hotelaria e Gastronomia da Serra Gaúcha (SEGH). Nas cartas, as entidades reforçam que não são contra a instalação dos empreendimentos, mas que é “imprescindível respeitar a vocação rural do Vale dos Vinhedos e refrear o adensamento dos aglomerados, que podem se transformar em urbanização desordenada”.