Na COP26, governadores lançam Consórcio Brasil Verde
Primeiro objetivo é traçar planos estaduais de neutralidade de carbono
Os chefes de Executivo que compõem o movimento Governadores pelo Clima lançaram, na manhã desta quinta-feira, 04/11, em Glasgow, na Escócia, o Consórcio Brasil Verde. Parte da programação da 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP26), o lançamento contou com a participação dos governadores Eduardo Leite, Renato Casagrande (ES), presidente do consórcio, e Mauro Mendes (MT). A governadora Fátima Bezerra (RN) participou virtualmente.
A ausência de políticas ambientais por parte do governo federal foi citada como uma motivação para que mais de 10 governadores tenham comparecido à COP26. “Temos de olhar o lado positivo, sem evidentemente deixarmos de ver os problemas e lidarmos com eles. Há algo de positivo na ausência do governo federal: gera essa necessidade de nos mobilizarmos, os governos subnacionais e a própria sociedade. A União é feita pela soma das partes, e se não há, por parte da União, uma dedicação ao tema, então as partes se juntam de outras formas. A partir da formalização desse consórcio, teremos mais respaldo do ponto de vista técnico para que possamos financiar as ações que se fizerem necessárias e prioritárias dentro dessa política de enfrentamento às mudanças climáticas”, explicou o governador Eduardo Leite.
Até o momento, 22 governadores aderiram ao consórcio, e a expectativa é de que todos os 27 venham a participar. O consórcio foi criado em 2019, no âmbito do Fórum de Governadores.
A partir do lançamento, a prioridade é que os Estados elaborem planos de neutralidade de carbono, com apoio de entidades. O compromisso está em sintonia com o que o Brasil assumiu no âmbito do Acordo de Paris e tem como objetivo mobilizar entes nacionais e subnacionais, empresas e instituições, no sentido de minimizar os efeitos das emissões sobre o clima global.
Painel sobre transição justa do carvão no Sul do Brasil
No Brazil Climate Action Hub, espaço dedicado às iniciativas da sociedade brasileira na COP26, o governador Eduardo Leite participou do painel “O carvão e os desafios da transição justa no Sul do Brasil”, ao lado de Nicole Oliveira (Instituto Internacional Arayara e Observatório do Carvão Mineral), de Lucie Pinson (Reclaim Finance), de Roberto Kishinami (Instituto Clima e Sociedade) e de Ricardo Baitelo (Instituto de Energia e Meio Ambiente – Iema).
O painel trouxe um panorama da geração elétrica a carvão no Brasil e no mundo, analisando dois casos: a atuação da Engie no Brasil e o fechamento do polo carboquímico e da Mina Guaíba, a maior mina de carvão a céu aberto da América Latina. Foi apresentada também a perspectiva da política pública estadual sobre os desafios e oportunidades da transição justa.
O Brasil depende pouco do carvão – apenas 2% da produção energética é fruto do carvão. No RS, essa dependência é maior, de 15%, mas ainda bem menor do que a dependência de países da Europa, que beira os 40%. Além disso, 80% da energia gerada no RS vem de fontes renováveis. “Para quem é afetado, é 100%. Temos a questão ambiental, mas temos também a econômica: se não houver oferta de oportunidades, não adianta fazermos apenas campanha de malefícios. Há comunidades inteiras que dependem dessa produção”, destacou o governador.
Equipes do governo estão trabalhando para viabilizar a redução do funcionamento de usinas de energia movidas a carvão, com oferta de alternativas econômicas. “É ainda uma trajetória incipiente, mas temos vontade de promovermos a sustentação para uma política que vai atravessar governos”, disse, lembrando que o RS estuda a possibilidade de geração de hidrogênio verde.
Logo no início da manhã desta quinta (4), o governador participou de uma coletiva de imprensa organizada pela Iniciativa Clima e Desenvolvimento para apresentar o relatório Clima e Desenvolvimento: Visões para o Brasil 2030, lançado em 15 de outubro.
Além de Leite, participaram a ex-ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira, o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Emílio La Rovere e a presidente do Instituto Talanoa, Natalie Unterstell. O governador foi um participante ativo na elaboração do relatório. “Não podemos compensar a ausência de coordenação federal, mas estamos tentando entender o que podemos fazer, como Estados, para ajudar”, destacou.
A programação na conferência segue na tarde desta quinta (4). A passagem da comitiva estadual pela COP26 termina na sexta-feira (5). Além do governador, compõem a comitiva os secretários Artur Lemos Júnior (Casa Civil) e Luiz Henrique Viana (Meio Ambiente e Infraestrutura). O retorno ao Brasil está previsto para sábado (6/11).