Nevada histórica completa 50 anos
Uma das maiores precipitações de neve registradas na história de Bento Gonçalves – senão a maior – completou 50 anos nesta semana. Em agosto de 1965, cerca de 90% do Rio Grande do Sul ficou coberto de gelo, episódio sem repetição na mesma intensidade nas décadas seguintes e que ficou na memória de muitos moradores.
Com 13 anos de idade na época, Ademir Antônio Bacca recorda que teve as aulas suspensas na escola Mestre Santa Bárbara, que funcionava no prédio onde hoje é a escola Bento Gonçalves, ao lado da atual praça Centenário. “Tinham medo que o teto desabasse. Mas ficamos felizes pelos dois dias sem aula, aproveitamos para sair correndo e brincando”, lembra o pesquisador.
O depósito de madeira da antiga empresa Madepozza, localizado na avenida Osvaldo Aranha, era um dos locais preferidos para coletar neve e montar bonecos. A antiga casa canônica que existia junto à igreja Cristo Rei, como recorda Bacca, foi um dos pontos que mais reuniu fotógrafos. “Foi uma alegria para eles, em uma época em que era caro ter equipamento fotográfico”, acrescenta. Com precipitações durante três ou quatro dias consecutivos, ele garante que o fato ficou marcado na lembrança de vários moradores.
Uma delas é a bento-gonçalvense Gelvazia Zilá Sandrin Nodari. “Lecionava na Vila Operária naquele tempo, onde hoje é o bairro Conceição. Como ia a pé, acabei não trabalhando naquele dia, pois estava muito difícil”, relembra. A neve acumulou em mais de 20 centímetros e permaneceu durante dias. “Vi neve outras vezes, mas nenhuma como aquela, que foi muito marcante para mim. Queria que meus filhos também tivessem a oportunidade de ver um fenômeno assim. Foi bem emocionante”, acrescenta.
Clima
Imaginar uma das maiores nevadas de todos os tempos na região há 50 anos pode ser difícil tendo em vista as temperaturas primaveris registradas nas últimas semanas. O observador meteorológico Léo Gusso atribui as mudanças climáticas, principalmente, a dois fatores: interferência humana no meio ambiente e ciclos do planeta Terra. “A tendência é termos clima frio por períodos de tempo cada vez menores. Mas, isso não quer dizer que jamais teremos uma nevasca novamente; fenômenos como El Niño e La Ninã são sempre determinantes na meteorologia da região”, informa.
Segundo ele, o ano de 1923 foi o que registrou a maior nevasca no Estado, que chegou a um metro de neve acumulada. Também houve grandes precipitações em 1942 e 1974.
Reportagem: Priscila Pilletti
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