Nova UPA atende às expectativas

Os serviços públicos de urgência e emergência têm nova cara em Bento Gonçalves. Depois de mais de um mês funcionando em novas instalações, a Unidade de Pronto Atendimento 24h (UPA) tem ganhado a simpatia de usuários e funcionários. Apesar de alguns percalços e muitas mudanças ainda previstas, a primeira parte entregue do projeto do Hospital do Povo foi aprovada por grande parte da população, principalmente usuários diurnos. 

A construção da unidade levou cerca de quatro anos para ser finalizada, entre obras, paralisações e licitações. Duas empresas executaram o projeto, depois de a primeira ter sido acusada de não seguir as definições e prazos previstos. A demora e consequente deterioração da obra somaram para a grande expectativa para sua conclusão. 

Aberta à comunidade no dia 18 de junho, a UPA registrou 15.342 atendimentos até a manhã da última quarta-feira, dia 29. O assessor de gestão da secretaria municipal de Saúde, Roberto Silvestre, explica que o novo formato das instalações proporciona agilidade no atendimento. “Isso também permite que os funcionários tenham mais responsabilidade sobre cada setor”, acrescenta. 

A coordenadora de enfermagem Taciane Duarte concorda que a nova organização proporciona um fluxo melhor dos pacientes, causando menos tumulto que o sistema antigo e gerando um ambiente melhor também para quem aguarda atendimento. “Antes o controle era mais difícil, qualquer um poderia entrar e circular pelos corredores. Agora só entra quem fica em observação, se é só para consulta a pessoa fica só na parte da frente. Isso é essencial para o andamento do trabalho”, avalia Taciane, que tem dez anos de atuação junto à secretaria de Saúde e vê uma grande evolução no local como ambiente de trabalho. 


Estrutura

Após a execução de algumas partes diferentemente do projetado, era esperado que o novo prédio apresentasse alguns problemas estruturais e a realidade não foi diferente da expectativa nesses primeiros 40 dias. Além de entupimento nos canos, houve alagamentos e infiltrações devido às chuvas abundantes das últimas semanas. “Conseguimos contornar, não afetou o atendimento, mas isso acabará se tornando rotina”, afirma o assessor de gabinete da secretaria de Saúde, Jaime Galvagni. 

A mudança do atendimento de urgências e emergências para a UPA possibilitou o início de obras no prédio antigo, onde ainda funcionam serviços como Vigilância Ambiental, Vigilância Epidemiológica, Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), almoxarifado e sala dos motoristas. O Laboratório de Análises Clínicas, o Centro de Especialidades Odontológicas e o Raio-x serão reformados ainda neste ano. 

A Unidade Básica de Saúde (UBS) Zona Sul, que funciona junto ao antigo Hospital Galassi, também será revitalizada. Enquanto isso, os serviços foram transferidos para o antigo PA 24h. Essa parte do prédio, posteriormente, deve receber serviços do futuro Hospital do Povo, como ressonância magnética e tomografia. O complexo ainda comporta quatro andares para leitos, cuja construção já está em andamento acima da parte posterior da UPA, e um novo prédio, de seis pavimentos, para leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e salas cirúrgicas. Conforme Galvagni, grande parte desses projetos já tem recursos captados e aguarda liberação.

Elogios e cobranças: usuários destacam estrutura e agilidade, mas reclamam de atendimento à noite

O pedreiro Rodrigo Ballerini, de 19 anos, precisou procurar a UPA após ferir-se no dedo na última segunda-feira, dia 27. Enquadrado como emergência, foi rapidamente atendido entre consultas médicas e exame. “Aqui está muito melhor que a estrutura antiga, fui atendido rapidamente e a equipe foi bem atenciosa”, opina. 

Por segunda-feira ser, historicamente, o dia de maior fluxo em serviços de saúde, a fila pode ser maior. Com sintomas de gripe e dor de garganta, a aposentada Vilma Scotton foi orientada a retornar horas depois no mesmo dia, para não ficar esperando por muito tempo. “Moro no Botafogo e posso voltar depois, atendem muito bem”, elogia. O fiscal da Vigilância Ambiental Gilberto Dias, que trabalha nas instalações antigas do PA 24h, também procurou a UPA por sintomas de gripe e percebeu uma melhor organização no serviço. 

Com dores na coluna, o aposentado Omar Soares da Silva se surpreendeu com a agilidade com que foi atendido. “Em meia hora, fiz tudo. No prédio antigo, muitas vezes, era preciso ficar a manhã inteira para uma consulta”, ele lembra. 

Após sofrer um infarto em maio, o blogueiro Mauro César Noskowski compara o atendimento entre as instalações novas e antigas. “Fui prontamente atendido, mas fiquei chocado com as condições físicas do local, o mofo, a ferrugem e as infiltrações. O aglomerado de pessoas aguardando e as péssimas condições do local nos passavam medo, todas as pessoas se misturavam independente do que estavam sentindo. Na nova UPA, estive uma única vez e novamente fui prontamente atendido. A triagem foi rápida, a médica fez várias perguntas e fiquei no leito por seis horas para fazer exames”, relata. 

Noskowski destaca, entre as principais melhorias, a divisão das enfermarias entre as alas masculina, feminina e infantil. “É claro que tem muito por melhorar, por exemplo, a campainha para chamar as enfermeiras não funciona, o ar-condicionado foi comprado de 110 volts e aqui é 220 volts, as cadeiras dos acompanhantes são desconfortáveis para quem tiver que ficar durante a noite”, contrapõe. Outra questão apontada por ele é sobre a burocracia para o agendamento de exames, que pode levar cerca de dois meses. 

Apesar de elogiar a estrutura, a analista comercial Sabrina Piccoli reclama da demora no atendimento de madrugada. “O prédio realmente está lindo, mas os médicos não sei onde estão”, questiona ela, que levou mais de duas horas para conseguir uma consulta para sua mãe, de 69 anos, que estava sofrendo uma crise de hipertensão às 3h30 da última quarta-feira, dia 29. A triagem levou cerca de meia hora e havia apenas uma médica, que estava atendendo emergências, segundo lhe foi informado. “Fiquei muito triste, agora ela passa bem, mas poderia ter infartado”, finaliza.

Reportagem: Priscila Pilletti


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