Novato na Assembleia, Guilherme Pasin conquista espaço e abre caminho para o diálogo

Em entrevista ao SERRANOSSA, Pasin falou sobre 1º ano de mandato, mudanças e eleições de 2024

Foto: JBM/SERRANOSSA

O papel de figurante na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul (ALRS) não pode ser atribuído ao deputado estadual Guilherme Pasin. Líder da bancada do Progressistas e com cadeira cativa nas principais discussões do parlamento gaúcho, Pasin teve um ano de ascensão na política estadual. Na última sexta-feira, 15/12, o deputado eleito por Bento Gonçalves esteve na redação do SERRANOSSA e conversou com a equipe sobre seu primeiro ano como parlamentar após oito anos a frente da prefeitura da Capital do Vinho.

Eleito com 57.922, Pasin adentrou um mundo novo e precisou se adaptar. Segundo ele, o ano foi de muito trabalho, mas com resultados positivos. “Eu estou me dedicando bastante […]. Um dos meus objetivos era buscar relevância, ganhar relevância, durante o meu primeiro mandato. E a gente, logo muito cedo, no primeiro ano do primeiro mandato, a gente já atingiu esse objetivo, de estar dentro do círculo de decisões, estar dentro da mesa de desenho das políticas públicas”, pontua. Como líder de bancada, Pasin participa das reuniões de líderes e assina embaixo das principais decisões da Casa. “Eu termino o ano bem cansado, mas muito satisfeito pelo o que a gente tem conquistado.”

A ALRS conta com 55 deputados, sendo um mais diferente que o outro. Para Pasin, é necessário jogo de cintura, mas nada que o diálogo não resolva. “Ninguém chegou lá de paraquedas, todo mundo chegou votado [pelo povo]. Cada um com uma visão, com uma vida, uma história, uma ideologia diferente, com valores que não são iguais aos teus, mas eu estou tendo uma experiência incrível.”

Na visão do progressista, mesmo que cada deputado defenda o seu lado, suas ideias e crenças, é necessário ouvir o outro. “Lá [ALRS] é o ambiente que tu tem que fazer exercício permanente de afastar as divergências e buscar enxergar os pontos de aproximação e é nesses pontos de aproximação que tu tem que se agarrar”, reforça.

Relembrando o caso dos mais de 200 trabalhadores resgatados em situação análoga à escravidão em Bento Gonçalves, Pasin afirma que precisou conversar com bancadas da esquerda (PT e PSOL) para defender a região e seus produtores rurais, que sofriam retaliação pelo caso. Naquele momento, o deputado disse que foi bem recebido para debater, visto que o bem dos gaúchos era o foco.

Guilherme Pasin na tribuna da ALRS. Foto: Assembleia Legislativa do RS.

Sobre essa troca com deputados ‘divergentes’ politicamente, o ex-prefeito de Bento diz que cede, mas que também é firme aos seus ideais. “Às vezes, tem dias, que eu me coloco numa posição de ‘ok, estou aberto a ser convencido, tenta me convencer’. Tem dias que a pessoa está aberta e eu vou tentar convencer. Tem dias que eu não quero ser convencido.”

O contato com demais siglas surge a dúvida natural se o político está feliz em seu partido ou não. Mesmo recebendo convites para adentrar outras siglas, Pasin segue acreditando no Progressistas. “É um partido que me respeita, que contribuiu muito para eu estar onde eu estou, que me ajudou a estar onde eu estou, que sempre me deu liberdade para concordar ou discordar. Nunca colocou cabresto, muito pelo contrário […]. E não deixo de conversar com os outros, porque a política moderna, ela pressupõe composições e não isolamento. A política de hoje, no desenho que ela existe, ela exige que tu converse com outros grupos”, disse.

ICMS

Na segunda, 18/12, o governador Eduardo Leite deu um passo atrás e retirou da pauta da ALRS o projeto que propunha aumentar a alíquota do ICMS de 17% para 19,5%. Desde a apresentação do projeto pelo governo estadual, Pasin afirmou que votaria ‘não’, por entender que a busca por melhorias no Estado não deve partir do aumento de impostos. Mesmo assim, o bento-gonçalvense disse entender as decisões de Leite, com quem mantém uma boa relação.

“Acho que o governador não está fazendo por mal, ou não está fazendo aquela coisa de ‘vou tirar mais dinheiro do povo’. Ele tem a convicção dele, quer prestar mais serviços. Ele quer entregar mais para a saúde, mais para a educação. Cabe o parlamentar entender: vale a pena, tirar de um lado para te dar no outro?”, questionou.

Governo Diogo Siqueira

Em 2020, enquanto prefeito, Pasin conseguiu eleger seu sucessor. Diogo Siqueira, do PSDB, recebeu 19.105 votos e, após resolver questões com a Justiça Eleitoral, conseguiu dar seguimento ao modelo de gestão que seu antecessor naturalizou. As eleições de 2024 se aproximam e é natural que Siqueira tente a reeleição. Para o deputado, o prefeito de Bento faz um bom mandato.

Registro da eleição de 2020, com Amarildo Lucatelli, Guilherme Pasin e Diogo Siqueira. Foto: Redes sociais

“É um cara bom, com acertos e com erros. Eu acho que ele tem muito mais acertos do que erros. Ele mesmo enxerga que tem que mudar e ano que vem ele vai ver que deveria ter feito diferente, e é um processo de maturidade”, disse Pasin, afirmando que apenas algo ‘antinatural’, como Siqueira não querer concorrer, que não fará dele candidato.