Novembro azul: a melhor prevenção contra o câncer de próstata é o exame anual
Depois do Outubro Rosa – que simboliza a luta contra o câncer de mama – é a vez do Novembro Azul alertar sobre o câncer de próstata, o tumor maligno mais comum em homens acima de 50 anos. Em Bento Gonçalves, foram 49 casos diagnosticados em 2016, com média de idade de 68 anos.
Mais do que conscientizar sobre a doença, o período tem foco na saúde integral do homem, já que eles não costumam procurar atendimento médico com a mesma regularidade que as mulheres. Tal fato pode explicar por que na região atendida pelo Instituto do Câncer do Hospital Tacchini – que abrange 24 municípios – dos 153 novos registros neste ano 44% dos pacientes já estavam com o tumor em estágio avançado (o dado leva em conta encaminhamentos por planos particulares ou pelo SUS). Nestes casos, a chance de cura diminui consideravelmente. “O câncer de próstata é um tumor passível de detecção precoce”, destaca o diretor do Instituto do Câncer, Fernando Obst.
Dos 725 novos diagnósticos de câncer por ano em paciente do sexo masculino na região, o de próstata aparece na segunda posição, atrás apenas do de pele. Ao contrário de outros tipos de que podem ser prevenidos – evitando exposição solar, cigarro e álcool, por exemplo –, no caso do câncer de próstata o fator genético é o principal agravante. “O paciente com histórico familiar em parentes de primeiro grau tem três a quatro vezes mais chances de desenvolver a doença”, pontua o urologista Thiago Cusin. Outros fatores de risco incluem obesidade, pele negra e idade – a maior incidência é entre 50 e 60 anos. “É uma doença silenciosa. Quando os sintomas surgem, em 95% dos casos o tumor está em fase avançada”, acrescenta.
Os sintomas incluem dificuldade para urinar, sensação de esvaziamento incompleto ou urinar em pequenas quantidades – o que significa que algo está comprimindo a uretra, que passa por dentro da próstata. “Ao apresentar qualquer sintoma similar o homem deve procurar um urologista”, alerta Cusin.
O diagnóstico inclui o PSA (Antígento Prostático Específico), medido pelo sangue, e o exame de toque. O urologista salienta a importância de realizar os dois testes, pois de 20% a 30% dos pacientes com PSA normal apresentam alteração no toque. Uma ressonância indica quais pacientes irão beneficiar-se com a realização da biópsia. Conforme o especialista essa triagem é importante porque a biópsia, embora traga um diagnóstico preciso, é muito invasiva. “A grande maioria não precisa”, tranquiliza.
Os tumores são classificados em quatro estágios. Nos dois primeiros, quando a doença está em fase inicial, há três tipos de tratamento: observação ativa, extração da próstata (prostatectomia radical) ou radioterapia. Em estágio avançado, o tratamento é apenas paliativo, com quimioterápicos e hormonoterápicos. “Alguns casos não têm cura, mas é possível prolongar a vida do paciente”, destaca. Sequelas como disfunção erétil e incontinência urinária podem ocorrer, em alguns casos de forma branda.
Segundo dados do Instituto do Câncer do Hospital Tacchini, o tempo médio de espera entre o diagnóstico e o início do tratamento, para pacientes encaminhados pelo SUS é de 52 dias (sendo 22 dias até o primeiro acolhimento, que em alguns casos é usado para confirmar a doença). Como não há nenhuma comprovação de condutas preventivas para o câncer de próstata, a melhor prevenção é o exame anual. Homens com fator de risco devem realizar consultas anuais a partir dos 45 anos. Para os demais, a visita ao urologista pode iniciar aos 50 anos e deve ser mantida até os 75 anos. Após esta idade, o exame é indicado apenas se houver sintomas. Quanto mais velho o paciente, mais lenta é a evolução da doença.
Saiba mais
A próstata é uma glândula que só o homem possui e que se localiza na parte baixa do abdômen. Ela é um órgão muito pequeno, tem a forma de maçã e se situa logo abaixo da bexiga e à frente do reto. A próstata envolve a porção inicial da uretra, tubo pelo qual a urina armazenada na bexiga é eliminada. A próstata produz parte do sêmen, líquido espesso que contém os espermatozóides, liberado durante o ato sexual. É considerado um câncer da terceira idade, já que cerca de três quartos dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos. Alguns desses tumores podem crescer de forma rápida, espalhando-se para outros órgãos e podendo levar à morte. A grande maioria, porém, cresce de forma tão lenta (leva cerca de 15 anos para atingir 1cm³ ) que não chega a dar sinais durante a vida e nem a ameaçar a saúde do homem.
Fonte: Inca