Noventa minutos para resgatar a história
O Esportivo nunca esteve entre os grandes clubes do futebol brasileiro, mas no Rio Grande do Sul sua quase centenária história é marcada por alguns momentos épicos, que se não o elevaram a um novo patamar, ao menos o tornaram respeitado.
Grande parte deles teve participação da dupla Gre-Nal. Em 1970, ninguém chegou aos 13 pontos na Loteria Esportiva porque nenhum apostador acreditou que o alviazul derrotaria o Grêmio. O time de Bento venceu por 1 a 0 e foi notícia nacional como a “zebra” da loteria. Em 1971, voltou a ser manchete da crônica esportiva ao por fim à série de 24 jogos sem derrota do tricolor com uma acachapante goleada por 5 a 2. Em 73, venceu o Inter por 2 a 1 e acabou com a virgindade do colorado contra clubes do interior no Beira-Rio. Mais recentemente, em 2007, quebrou uma invencibilidade de doze jogos do Grêmio no Campeonato Gaúcho com triunfo de virada, por 2 a 1, no Olímpico. É incontestável a superioridade do Internacional no duelo deste domingo, dia 3, no estádio Centenário. Por outro lado, a história mostra: é possível, porque não, acreditar no mais fraco.
O momento não poderia ser melhor para confiar em um “resgate da história”. Já são quatro jogos sem derrota, três deles fora de casa. Além disso, é do Esportivo o grande feito do Campeonato Gaúcho deste ano: eliminou o único invicto.
Se não tem um time de encher os olhos, o técnico Luis Carlos Winck tem em mãos um grupo motivado e fortalecido após recuperar a própria confiança. Comissão técnica e jogadores chegaram a ser pressionados pela diretoria depois de um começo irregular que colocou o clube na penúltima posição entre os dezesseis participantes. Já era quase certeza a perspectiva de que o campeonato para o Esportivo se limitaria a uma luta contra a segunda divisão. A equipe, no entanto, renasceu. Emendou três vitórias seguidas, praticamente “escanteou” o rebaixamento e alcançou protagonismo na Taça Piratini.
Toda essa virada, segundo a comissão técnica, passou por dois motivos. O primeiro é a chegada do preparador físico Marcelo Carneiro, que aos poucos vem conseguindo recuperar o grupo fisicamente após erro de avaliação que provocou um déficit de massa muscular em grande parte dos atletas. Outro motivo é a reformulação no ataque. O setor foi o único renovado após o título da Divisão de Acesso, o que custou ao treinador algumas partidas para observação e testes até que pudesse definir a dupla que melhor se adaptasse à maneira de o time atuar.
Parte da história já foi resgatada. O alviazul jamais havia alcançado essa fase em um turno de Campeonato Gaúcho. A última boa campanha havia sido em 2007, quando foi eliminado nas quartas de final para o Veranópolis.
O desafio deste domingo, entretanto, não se assemelha a nenhuma outra adversidade já enfrentada pelo time de Luis Carlos Winck nesta temporada. O alviazul enfrentará uma equipe em que um jogador apenas paga com sobras toda sua folha de pagamento. Um candidato a campeão do Brasil contra outro que busca vaga na quarta divisão.
Para qualquer clube nessas circunstâncias poderia parecer uma quimera imaginar outro resultado que não seja uma vitoria do Internacional. Mas o Esportivo já mostrou, contra o próprio colorado, que utopias volta e meia transformam-se em realidade no futebol.
Internacional: Muriel; Gabriel, Rodrigo Moledo, Juan e Fabrício; Ygor, Josimar, Fred e D’Alessandro; Forlán e Leandro Damião. Técnico: Dunga.
Esportivo: Fabiano; Ediglê, Victor e Raone; Anderson Feijão Fábio Oliveira, Mateus Santana, Erick e André Todescato; Léo e Gilian. Técnico: Luis Carlos Winck.
Reportagem: João Paulo Mileski
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