Novo alerta de Gripe A gera intensa procura por vacinas nas clínicas particulares

Com a confirmação nesta semana de uma morte por gripe A (H1N1) na Serra Gaúcha – no Rio Grande do Sul já são quatro óbitos – e após surto da doença em São Paulo, os telefones das clínicas particulares de vacinação de Bento Gonçalves não param de tocar e a movimentação na recepção é intensa, seja de pessoas aguardando atendimento ou em busca de informações. A situação acendeu o sinal de alerta na população, que não se importa em desembolsar de R$ 60 a R$ 100 (média das doses trivalente e tetravalente) para garantir a imunização enquanto a campanha na rede pública não inicia. Em alguns locais, os estoques ficaram zerados. “Iniciamos a vacinação há duas semanas, mas a procura foi maior nesta. Teve dias em que chegamos a atender 90 pessoas”, aponta a enfermeira Cristiane Dalla Costa Postal, do Serviço de Medicina Preventiva do Hospital Tacchini, que deve receber um novo lote no decorrer na próxima semana.

É comum famílias inteiras irem às clínicas em busca da imunização. “Estamos atendendo pessoas de diversas cidades do Estado, como Passo Fundo, Getúlio Vargas, Serafina Corrêa, Vacaria, Garibaldi, Carlos Barbosa, Veranópolis, Farroupilha e Caxias do Sul”, exemplifica o diretor operacional da Vaccinare, Diego Sopelsa.

O temor de que o imunizante fique em falta antes da chegada dos dias mais frios é grande. “Não sei se posso dizer que a movimentação é intensa, talvez seja até monstruosa. É bem maior que nos outros anos. Estamos com duas mil doses no estoque, mas devem durar apenas uma semana. Está difícil até de negociar com os fornecedores. Não sabemos quando conseguiremos um novo lote”, acrescenta Sopelsa.

Devido à alta procura, os laboratórios não estão dando conta da demanda. Estudos científicos utilizados pelo Ministério da Saúde demonstram que a vacinação pode reduzir entre 32% e 45% o número de hospitalizações por pneumonias, de 39% a 75% a mortalidade global e em, aproximadamente, 50% nas doenças relacionadas à influenza.

O primeiro surto de H1N1 no país ocorreu em 2009. Os sintomas são similares ao de uma gripe comum, porém o risco de complicações é maior. Para o tratamento em tempo oportuno, a recomendação é de que ao sinal de febre, dor de garganta e dor de cabeça, nas articulações, ou muscular, a pessoa procure atendimento médico. Devido à mutação do vírus, a imunização deve ocorrer anualmente. As duas vacinas disponíveis na rede privada protegem contra o H1N1. A diferença é que a tetravalente tem uma proteção a mais para a influenza B.

Ao lado da vacinação, a prevenção e o tratamento são os eixos que compõem o tripé do enfrentamento à doença. A chamada etiqueta da gripe é uma medida simples, porém importante. Entre os cuidados, está a proteção da boca e nariz ao tossir e espirrar, cobrindo-os preferencialmente com a dobra do cotovelo, evitando o uso das mãos. Também é importante lavar as mãos com frequência, com água e sabão ou utilizando álcool em gel, assim como evitar locais com aglomeração de pessoas (escola, transporte público, centros comerciais) se estiver com os sintomas.

Campanha inicia no dia 25

A secretaria estadual de Saúde confi rmou a antecipação da campanha de vacinação para o próximo dia 25. De acordo com o enfermeiro responsável pelo setor de imunização da Secretária de Saúde de Bento Gonçalves, Maiquel Manfredini, o público-alvo do município totaliza 28 mil pessoas e a meta é vacinar pelo menos 22.500. Fazem parte do grupo crianças de seis meses a cinco anos, pessoas acima de 60 anos, gestantes, puérperas (mulheres no período até 45 dias após o parto), pessoas com comorbidades (doenças crônicas respiratórias, do coração, entre outras), trabalhadores da saúde, indígenas aldeados e o público penitenciário. Ao atingir a meta, e tendo doses excedentes, a secretaria geralmente abre a vacinação para a população em geral.

Foto: Carina Furlanetto

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