Novo canal de combate à violência contra a mulher

A violência contra a mulher tem se tornado um dos grandes problemas da sociedade. Apesar das conquistas com a aprovação da Lei Maria da Penha, em 2006, os números continuam crescendo. Conforme o “Mapa da violência 2012: homicídio de mulheres no Brasil (atualizado)”, em 2010 o número de mulheres assassinadas chegou a 4.465, sendo 227 somente no Rio Grande do Sul. Entre 2000 e 2010 foram registrados 43.654 casos em todo o país. Em média, na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) de Bento Gonçalves são registrados 100 boletins de ocorrência por mês, tanto de ameaça verbal e física quanto por lesão corporal ou até tentativa de homicídio. Buscando reduzir esses índices, o Centro Revivi contará com uma nova ferramenta para auxiliar na identificação das vítimas e oportunizar atendimento pela Rede de Enfrentamento à Violência contra a Mulher. Um canal de denúncias através do site da prefeitura (www.bentogoncalves.rs.gov.br) entrará em funcionamento na próxima segunda-feira, dia 7.

Nos últimos dois anos, foram registrados seis casos de homicídio de mulheres em Bento Gonçalves. Os autores eram pessoas próximas das vítimas e já haviam mantido um relacionamento íntimo com elas. Quatro acusados tiraram a própria vida após o ato e dois permanecem presos, tendo um deles sido condenado a 16 anos de prisão em regime fechado pela morte da ex-companheira. “Os feminicídios que aconteceram no município em 2013 foram decisivos para a criação de tal ferramenta. Das três mulheres assassinadas neste ano, apenas uma havia acessado a rede, porém somente um dia antes do crime. A Lei Maria da Penha vem se mostrando extremamente eficiente para as mulheres que conseguem fazer uso dela – segundo pesquisas apenas um terço das que sofrem violência. Precisamos unir esforços para chegar até aquelas que não acessam os serviços de proteção por vergonha, medo, pela grave situação de opressão vivida ou pelo não reconhecimento das vivências como de violência”, explica Sandra Giacomini, psicóloga do Centro Revivi.

Denúncia

A ferramenta tem por finalidade promover o direito das mulheres de viver sem violência, além de conscientizar a população sobre a importância da participação de todos no enfrentamento do problema. “Para sua eficiência, essa ferramenta necessita da contribuição de todos. Como cidadãos, devemos assumir a responsabilidade de denunciar situações que ferem os direitos humanos. ‘Em briga de marido e mulher se mete a colher’, porque ‘onde há violência todo mundo se machuca’”, enfatiza. Sandra ainda menciona que “familiares, vizinhos, amigos e colegas de trabalho que reconhecerem que mulheres de sua convivência estão sendo submetidas a situações de violência doméstica – psicológica, moral, patrimonial, sexual ou física – poderão, de forma anônima, relatar a sua preocupação através do preenchimento de um formulário no site”, relata. Na denúncia é preciso fornecer obrigatoriamente o nome, telefone e endereço da vítima, além de relatar o que ela vem sofrendo. 

Além do Revivi, compõem a rede de atendimento à mulher órgãos como Brigada Militar, Polícia Civil, Ministério Público, Poder Judiciário, Defensoria Pública, Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), Coordenadoria da Mulher e Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps-ad).

Reportagem: Katiane Cardoso


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