Número de casos de câncer triplica em sete anos

Durante a inauguração do novo Centro Regional de Oncologia do Hospital Tacchini, na última quinta-feira, dia 24, um dado apresentado pelo presidente do conselho de Administração do hospital, Antonio Stringhini, chamou a atenção de todos: enquanto no Brasil o número de casos de câncer cresce, em média, 10% ao ano, na Serra Gaúcha aumenta 18%. De acordo com dados da Coordenadoria de Pesquisa e Desenvolvimento Cientifico do hospital, de 2005 a 2012, pelo menos 5.900 pessoas, de 22 municípios da região, foram diagnosticadas e tratadas na instituição, 1.300 delas somente em 2012. Os dados relativos ao ano passado só serão divulgados em setembro.

Conforme os números apresentados pela coordenadora do setor, Juliana Giacomazzi, em sete anos os casos de câncer na região praticamente triplicaram. Os motivos para tamanho aumento podem estar ligados a dois fatores: o primeiro deles, em função da estrutura existente na área de saúde para diagnosticar os casos – em outras regiões do país muitas pessoas morrem sem sequer saberem que estavam com câncer. O segundo estaria relacionado com a cultura da região. Bebida e fumo em excesso, além do trabalho sem a proteção correta para as condições climáticas – falta de protetor solar durante a safra da uva, por exemplo – seriam os responsáveis pela elevação nos casos. 

De acordo com Juliana, o setor de pesquisas constatou que entre os pacientes com câncer no pulmão, 86% fumavam, 76% bebiam e 71% tinham os dois hábitos. Já nos casos de câncer no esôfago, 89% das pessoas doentes fumavam, 71% bebiam e 60% fumavam e bebiam. “Ou seja, essas pessoas têm pré-disposição ao câncer”, explica a coordenadora. Outro fator que pode contribuir para o aumento nas estatísticas da doença na região é o número de diagnósticos de câncer de pele. De 2005 a 2011, 807 casos foram registrados no Tacchini. 


Números positivos

Embora os índices sejam preocupantes, um dado positivo apresentado pelo hospital é de que 73,4% dos pacientes do hospital sobrevivem ao severo tratamento. O número é baseado em 3.709 casos avaliados pelo Tacchini e não inclui pacientes com câncer de pele não melanoma. O índice é superior à média nacional, de 65,8%. De acordo com a coordenadora do serviço de oncologia, Alessandra Kaercher, isso significa que as pessoas são tratadas da forma correta em Bento Gonçalves. “Hoje apostamos desde o trabalho preventivo até o tratamento final”, afirma a oncologista. O setor de pesquisa e desenvolvimento científico também irá avaliar a necessidade de novas tecnologias em Bento Gonçalves e buscar tratamentos inéditos no Estado para pacientes com câncer. 

Outro dado positivo é que o tempo médio entre a primeira consulta, diagnóstico e início dos tratamentos dos pacientes atendidos no Serviço de Oncologia do Tacchini é rápido, em média, de 8 dias. De acordo com a lei, o hospital tem prazo de até 60 dias para realizar esse processo.


Câncer em Bento Gonçalves*

4.600 casos registrados
73,4% dos pacientes sobreviveram ao tratamento
807 casos de câncer de pele
595 casos de câncer de mama
586 casos de câncer de próstata
330 casos de câncer de pulmão e brônquios
71% dos pacientes vítimas de câncer de pulmão e brônquios tinham o hábito de beber e fumar

*Dados relativos a pacientes tratados no Hospital Tacchini entre os anos de 2005 e 2011.

O novo centro de oncologia

Desde o começo de abril, os pacientes em tratamento contra o câncer estão sendo atendidos junto ao novo setor de Quimioterapia do Hospital Tacchini. O serviço funciona no primeiro subsolo do prédio E, onde já existe o Setor de Radioterapia. Assim, os dois serviços foram unificados em um mesmo prédio, formando o Centro Regional de Oncologia. Com a mudança e o investimento superior a R$ 1 milhão, a capacidade de atendimento foi duplicada. Foram construídos oito novos consultórios e instalados 32 leitos para quimioterapia, fazendo com que a área passasse de  354m² para 677m².

Somente no ano passado, o Hospital Tacchini atendeu 1.625 pacientes para tratamento de câncer nas modalidades radioterapia e/ou quimioterapia pelo SUS. Hoje, além desses tratamentos, são feitas cirurgias e hormonioterapia.

Classificado como uma Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon), o Hospital Tacchini é referência para 22 municípios na região Nordeste do Estado, atendendo a uma população de aproximadamente 296 mil habitantes. 

Reportagem: Raquel Konrad


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