“Nunca se viu nada igual em Bento”, diz AAECO, após descoberta de loteamento irregular

Sem licenciamento e autorização para operar, obra devastou grande extensão de mata nativa, além de outros danos ambientais, em área às margens da BR-470. Funcionário da prefeitura atuava na obra quando fiscalização chegou.

Um loteamento irregular foi interditado na tarde de quarta-feira, 16/02, em Bento Gonçalves. Na área, localizada às margens da BR-470, próximo às empilhadeiras, foram encontradas diversas máquinas em funcionamento, abrindo uma área de mata que pode chegar a 10 hectares. Árvores nativas foram derrubadas e soterradas, além de outras irregularidades encontradas, como destruição de ninhos e movimentação irregular do solo.


A denúncia foi recebida pela Associação Ativista Ecológica (AAECO) de Bento Gonçalves e acolhida pela equipe do 3° Batalhão Ambiental da Brigada Militar (3º BAMBM) de Bento Gonçalves, juntamente com a Secretaria Municipal do Meio Ambiente. A obra foi embargada, um levantamento fotográfico de georreferenciamento foi realizado e, ainda, foi lavrado o Boletim de Ocorrência Policial e o Auto de Constatação do Dano Ambiental.

O secretário-geral da AAECO, Gilnei Rigotto, afirma que foi consenso entre as autoridades ambientais e de segurança que “nunca se viu nada igual em Bento”. “Simplesmente não acreditei quando vi. É uma área de devastação muito grande. Nós, da AAECO, iremos sugerir ao Ministério Público que seja exigido dos responsáveis um PRADE, Projeto de Recuperação de Área Degradada”, detalha Rigotto.

Em amarelo, a área devastada.


FUNCIONÁRIO DA PREFEITURA ATUANDO NA OBRA


Os nomes dos proprietários do terreno não foram revelados. As equipes de fiscalização, porém, foram recebidas na tarde de quarta-feira, 16/02, por um homem que dizia ser biólogo e que “estava encaminhando a documentação para licenciamento”. A identidade do homem foi repassada ao SERRANOSSA, que constatou que ele trabalha na Prefeitura de Bento Gonçalves.

O SERRANOSSA aguarda um posicionamento da prefeitura em relação a este funcionário que estaria atuando na obra irregular em horário de expediente. No portal da transparência consta que ele atua como auxiliar de serviços médicos e sua remuneração ultrapassa R$ 4 mil. A sua última folha de pagamento consta afastamento do trabalho por motivos de saúde.