Nutricionista explica a importância de manter uma alimentação saudável em meio à pandemia

Os cuidados para evitar o contágio pelo novo Coronavírus já são conhecidos e vêm sendo repetidos mundo afora: limpar as mãos e os ambientes com frequência, utilizar máscaras e evitar aglomerações, por exemplo. Mas uma questão essencial para manter o vírus afastado ou minimizar seus efeitos ainda parece ser pouco discutida: a qualidade da alimentação. Essa, aliada a uma rotina de exercícios físicos e de noites bem dormidas, tem papel crucial na manutenção da imunidade – responsável pelo combate a microrganismos estranhos que possam entrar no corpo e prejudicar a saúde. “Mais do que nunca a gente está percebendo que, se não temos saúde, não temos nada. A gente já nasceu com saúde – raras exceções – então qual nosso papel nessa vida? Preservá-la. E como eu faço isso? Aí entra a questão das escolhas e dos hábitos, da alimentação e do nosso estilo de vida”, analisa a nutricionista Caroline Dalcin. 


 

De acordo com a profissional, o ser humano tem dois tipos de imunidade: a inata e a adquirida. A primeira, com a qual a pessoa nasce, é capaz de combater invasores como bactérias e vírus sem haver a apresentação de sintomas. “Quando ela não dá conta, chama a imunidade adquirida, que entra como um plano de ação”, explica. Dessa forma, para que essa imunidade adquirida consiga combater um invasor – como o Coronavírus, por exemplo –, é importante a manutenção de uma alimentação equilibrada e de hábitos saudáveis. 

Caroline ainda explica que a imunidade está diretamente relacionada às inflamações do corpo, como intolerâncias ao glúten e à lactose. “Se a pessoa sabe que tem essas intolerâncias e continua se alimentado de comidas que tenham esses alimentos, ela vai ter uma redução na imunidade”, afirma. Além das intolerâncias, comidas processadas (industrializadas) podem provocar um aumento nas inflamações do corpo “porque muitas substâncias não são compatíveis com ele. Então, quanto mais natural for a alimentação, mais colorida, contendo tudo que a natureza te dá, melhor será para a imunidade”, complementa.

Qual a base de uma alimentação que fortaleça a imunidade?

Frutas, vegetais, legumes, hortaliças e leguminosas. Segundo a nutricionista Caroline Dalcin, essa é a base para se obter uma boa imunidade. “A vitamina D precisa estar alta. A gente já é de uma região que não se expõe tanto ao sol, mas a vitamina D está diretamente relacionada à nossa imunidade, têm vários estudos indicando que ela ajuda na ação contra vírus e bactérias”, comenta. Outros nutrientes fundamentais são o zinco (encontrados nas castanhas, nozes, em carnes bovina e de frango, arroz integral, farelo de aveia e no feijão); a vitamina C (frutas cítricas) e o selênio (castanha do pará e peixe). “Também é indicado o propólis verde, associado a umas gotinhas de limão, e a cúrcuma, que é um anti-inflamatório amarelo, capaz de tratar infecções crônicas, o chá verde, mel e gengibre”, complementa. 

Para quem não consegue preparar diariamente um prato mais elaborado, a sugestão é que sejam utilizados os finais de semana e o tempo livre à noite para preparar e congelar refeições. “É melhor uma comida congelada de qualidade do que outra improvisada na hora. É melhor feito do que perfeito”, analisa Caroline. “Muitas vezes a alimentação rápida é rasa, não tem teor, não tem valor agregado nutricional. Claro que uma comida mais elaborada dá mais trabalho, mas é dela que você vai tirar energia, que vai tirar vida para as suas células, então é necessário ter essa atenção, é um ato de cuidar de si”, acrescenta. 

Rotina regulada e prática de hábitos saudáveis

O período de quarentena abalou a rotina de muitas pessoas, que ficaram em casa por longos períodos. Conforme explica a nutricionista, mudanças podem ocasionar impactos como o aumento da ansiedade, que leva às pessoas a comerem mais. “Um cérebro sem rotina é um cérebro bagunçado. Ele precisa ter ordens e, quando ele perde as referências, acaba não tendo regras. Você desprograma seu relógio biológico, que é a qualidade do sono. Então a pessoa vai dormir mais tarde, vai ter fome em horários que não tinha e isso acaba gerando um novo hábito”, explica. Sem uma rotina, o corpo pode entrar em desequilíbrio e o vazio pela falta de trabalho e compromisso, tende a ser preenchido com comida. 

Dessa forma, a recomendação é que as pessoas que tenham mudado seus hábitos durante a pandemia – ou que estavam tentando manter uma rotina antes mesmo do Coronavírus – façam uma "check list", estipulando horários e metas para o seu dia. “A prática de atividades físicas regulares, sono adequado e uma alimentação regulada irão contribuir para o equilíbrio do nosso corpo. A água também precisa estar bem presente, porque ela é a base do nosso organismo”, afirma. “A gente precisa olhar nesse momento e tentar viver com mais equilíbrio, e não numa velocidade enlouquecida. Acho que esse vírus veio como um colapso justamente para mostrar tantas coisas que estão escondidas, que nós, em nosso piloto automático, não observamos. É muito mais cômodo para o cérebro não olhar, e repetir o erro todos os dias. A alimentação é a base da vida, é o combustível que te da energia para viver. E qual a qualidade desse combustível que você coloca dentro do seu corpo? Será que não está na hora de melhorar essa qualidade?”, instiga a nutricionista. 


Nutricionista Caroline Dalcin

Foto: Arquivo Pessoal