O amor incondicional de mulheres que decidiram não ter filhos e se dedicar a seus pequenos de quatro patas
Rochele Bergmann, de 32 anos, Michele Conte, de 40 anos, e Carim Simoni Ribas, de 36 anos, não se arrependem da escolha que fizeram anos atrás e não poupam palavras para expressar o carinho que sentem por seus bichinhos
Cada vez mais, os animais de estimação têm se tornado parte essencial na família de muitas pessoas. E nada mais justo do que dedicar carinho e atenção a quem só quer dar e receber amor. Mas algumas mães têm feito desse amor incondicional uma escolha para a vida. É o caso das bento-gonçalvenses Rochele Bergmann, de 32 anos, Michele Conte, de 40 anos, e Carim Simoni Ribas, de 36, que optaram por não ter filhos e se dedicar às suas crianças de quatro patas.
Para Michele, a decisão de não ter filhos veio ainda na adolescência, com apenas 15 anos. “Falei para a minha mãe e ela deu risada. Não acreditou”, recorda. Mas há cerca de três anos, essa escolha se tornou ainda mais concreta ao ser presentada com o pequeno Romeu. “Ele estava para doação e a sorte é que veio para mim”, conta com brilho nos olhos.
Hoje, Michele e Romeu formam uma dupla inseparável. Mesmo quando está longe, ela carrega o peludo em seu braço esquerdo, onde marcou seu rosto na pele. “Não é um filho, mas é um animal que complementa minha pessoa. É um ser individual com seus próprios sentimentos, de prazer, amor, angústia, solidão e medo”, declara. “Ele aguçou meu senso de responsabilidade pelos cuidados com ele e com seu bem-estar. Ele me faz ficar mais calma e me traz felicidade por seu companheirismo”, complementa.
Já Rochele Bergmann sempre teve contato com animais, incentivada por sua família que tem um cuidado especial com os peludos. “Sempre tive cachorros em casa, na casa dos meus avós, na casa das minhas tias. Minha família sempre foi muito ligada a bichos e aprendi com eles a gostar desde pequena”, conta.
Há algum tempo ela relata que tomou a decisão de não ter filhos diante dos rumos que o Planeta Terra tem tomado. “Eu acho que o mundo não está legal para colocar mais gente. Então prefiro não deixar ninguém aqui para sofrer”, expõe. Mas foi em 2007, após adotar seu primeiro cãozinho em sua nova vida a dois com o marido Gildo Guimarães, que Rochele teve ainda mais certeza de sua escolha. “Logo descobrimos que o Logan [seu primeiro cãozinho] era cardiopata. Tinha arritmia e sopro, então precisávamos nos dedicar muito a ele. Chegou uma época em que estava tomando nove remédios diferentes por dia”, recorda com pesar.
Além de Logan, ao longo do tempo o casal também adotou o cãozinho Chico, o gatinho Bruce e a gatinha Banguela, para completar a família. Hoje, após a partida de seu primeiro e memorável amor, o Logan, e de seus dois gatinhos, Rochele e o marido dedicam seu carinho e cuidado aos cãozinhos Chico e Churumelo – esse último o mais novo integrante da família. “Eles são os nossos filhos, literalmente. A gente faz tudo pensando neles”, declara.
Na opinião de Rochele, cada pessoa é dona de suas próprias escolhas, mas nenhuma mãe estará sendo “menos mãe por não ter uma criança”. “Meus filhos de quatro patas são tudo para mim. Nem sei como explicar. E me dedicar a eles também é uma ótima escolha, porque eles só querem amor e jamais irão te decepcionar”, comenta.
Aos 36 anos, Carim Simoni Ribas também já entrou para o time das mamães de pet. Em 2012 ela ganhou seu primeiro cachorro, o Marquinhos, o qual lhe ensinou sobre verdadeiro amor. “A partir daí comecei a acompanhar algumas ONGs e protetoras de animais de Farroupilha e Bento e comecei a ajudar sempre que podia. Então apareceu minha Pedrita, toda indefesa cheia de sarna, pesando 600g de vermes. Eu me apaixonei e tive a certeza que ela tinha que ser minha”, conta sobre sua segunda adoção.
Ao longo dos últimos anos, O falecido cãozinho Bidu também passou pela vida de Carim e, hoje, além de Marquinhos e Pedrita, o grandão Theo, de 9 meses, chegou para completar a família. “Decidi não ter filhos quando comecei a perceber que não estamos em um mundo seguro, nem financeiramente e nem emocionalmente, e que os valores se perderam ou se distorceram”, analisa. “Meus cachorros com certeza pesaram na minha escolha, pois são como meus filhos e os amo incondicionalmente. Trazem alegria para a minha casa e me consolam quando não estou bem. São perfeitos!”, comenta.
Na visão de Carim, optar por não ter filhos é uma escolha difícil, principalmente por conta da pressão imposta pela sociedade. “Sempre que possível irão te falar: ‘você precisa ter um filho”, expõe. “Mas eu digo para todos e todas que a melhor escolha sempre é se dedicar ao que nos faz feliz e ao que nos traz paz”, finaliza.