O caminho do esporte

Se a criança está distante do esporte, o esporte pode aproximar-se da criança. Com esse propósito, três amigos criados no bairro Conceição estão possibilitando, através do jiu-jítsu, uma nova perspectiva a jovens do bairro. 

O projeto social “Jiu-Jítsu para Todos” completou um ano neste mês e é mantido voluntariamente por Vandenir Vitorassi, Adriano Smalti e Leandro Oliveira, atletas da Garra Team. Eles dedicam as manhãs de sábados para ensinar a prática e os valores do esporte, na quadra da escola Imaculada Conceição, a cerca de 25 crianças e adolescentes de 7 a 14 anos. Criados no bairro, os três decidiram engajar-se à causa social para tornar o esporte uma referência àqueles que passavam boa parte do tempo nas ruas, à mercê dos riscos sociais. “Aqui, como em todo lugar, existem pessoas que escolhem o caminho do bem e outras que preferem o outro lado. O que a gente pretende é direcionar essas crianças, através do esporte, ao melhor caminho”, ressalta Vandenir. 

E os resultados estão sendo satisfatórios. Ricardo Florkoski, 10 anos, está no projeto desde o começo e é um dos exemplos de mudança de comportamento. “Eu ficava o tempo todo na rua, não queria fazer nada. Hoje tenho que estudar, porque se não tiver nota boa, não posso ir para os campeonatos. Quero ser um lutador de jiu-jítsu quando crescer”, conta. Outro exemplo é Guilherme Frigo da Silva, 9 anos. A mãe, Rosana Frigo, conta que o filho era bagunceiro e impulsivo. Depois do jiu-jítsu, passou a ser mais disciplinado, além de incorporar um dos efeitos das artes marciais: o autocontrole. “Mudou muito. Guilherme era um menino muito bagunceiro, tanto na sala de aula quanto em casa. Quando alguém provocava, ele não ficava quieto. Hoje ele se controla, sabe que não pode brigar, nem ofender os outros com palavrões. Ele costuma dizer que precisa obedecer aos professores do jiu-jitsu e treinar bastante para vencer o Anderson Silva quando crescer”, relata Rosana. 

A comunidade também abraçou a causa. Nos primeiros meses do projeto, um jantar mobilizou cerca de 120 pessoas e, com o dinheiro arrecadado, o “Jiu-Jítsu para Todos” conseguiu comprar 50 quimonos. 

Se não há retorno financeiro, os voluntários garantem: não há preço que pague ver a dedicação e alegria das crianças. “Quando morava aqui, eu via muitas crianças nas ruas e sempre pensei que alguém poderia dar a elas a oportunidade de fazer alguma coisa, batalhar por algo. Quando iniciamos o projeto, nem os professores da escola imaginaram que chegaríamos a um ano. O jiu-jítsu foi uma ferramenta para que as crianças que estão aqui, hoje, mudassem o comportamento e passassem a ter mais disciplina. Isso, para mim, é gratificante, faz com que todo o esforço seja recompensado”, ressalta Adriano.

Reportagem: João Paulo Mileski


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