O Coronavírus e o medo

O medo é como areia movediça que se retroalimenta.  Quando você caminha no medo, você se sentirá sempre afundando. No medo é difícil encontrar o chão firme. Diante dele a mente paralisa. 

A pandemia do Coronavírus desencadeou, em uma grande maioria de pessoas, o sentimento de medo. Com medo, a capacidade de refletir mais calmamente não funciona. Estimulado por uma infinidade de informações, de pensamento único, sem contraponto, sem comparações de proporcionalidade, sem diferenciações de contextos, a notícia do medo, atinge o mundo. O medo nem possibilita as pessoas de reagirem. Simplesmente, ficam paradas, embebidas pelo estímulo da informação, que as impossibilita de pensar.  

Em cada ser humano existe a força da vida, do amor e da morte. Na mitologia grega isso foi tratado como Eros (amor) e Thanatos (morte). Se a vida vai bem, se tudo está tranquilo, nós temos a tendência a favorecer a Eros. Quando as coisas não vão bem, quando temos estímulos negativos, tendemos a favorecer Thanatos. 

A pandemia, abordada por um excesso de informação, desencadeou no ser humano o medo incontrolado da morte, ou seja, de Thanatos. Esse medo revela nossos registros inconscientes e traumáticos, que estão guardados na nossa mente e não controlamos. Eles podem se manifestar em qualquer momento, quando a vida passa por dificuldades. Ocorre que, agora, todos desencadeiam esses medos de uma vez só. E como a mente determina o nosso destino, então ficamos todos paralisados e certos que isso é a única alternativa. Isso ocorre quando não há mais parâmetro entre o que é e o que não é, ou entre o ideal e o real. 

A atitude geral de grande parte da população, atingida pelo medo, em um efeito manada, de um ponto de vista psicológico, revela os conflitos que as pessoas já traziam em seu subconsciente e estavam, de alguma forma, acalmados.

A força da morte, sobre a força da vida, deixou muitas pessoas aterrorizadas. Assim, cada pessoa que sofreu esse pânico desproporcional pode, em uma atitude de autoconhecimento, perceber-se e buscar evoluir, para uma atitude de mais confiança e coragem. Trocar o medo pela fé e a coragem. O coronavírus, além dessa onda de sofrimento com consequências incalculáveis para a sociedade e para o ser humano, também nos obrigará, daqui em diante, a descobrirmos os aspectos positivos, frutos de uma necessária evolução da sociedade e das consciências.