O dilema da retirada de estacionamentos

Todo anúncio de modificação no trânsito gera repercussão em Bento Gonçalves. Quando se fala em retirada de estacionamentos, então, a polêmica é praticamente certa. Os principais argumentos partem dos motoristas e recaem sobre a impossibilidade de deixar seu veículo próximo ao estabelecimento comercial quando houver a necessidade de fazer compras ou pagar contas. O anúncio feito na última semana sobre a possibilidade de retirar estacionamentos ao longo de toda a via que liga as regiões Norte e Sul (bairro Santo Antão até o São Roque), não foi diferente. Seriam extintas cerca de 750 vagas. O número é aproximado e extraoficial, já que foi calculado informalmente pelo SERRANOSSA.

A retirada dos estacionamentos nos dois lados da via ao longo de todo o trecho iniciaria na rua Nelson Carraro, no bairro Santo Antão, e prosseguiria até a avenida São Roque, passando pelas ruas José Giordani, Fortaleza, Dez de Novembro e Guilherme Fasolo, além da avenida Osvaldo Aranha. O objetivo seria dar mais fluidez ao trânsito, bastante atravancado na região, especialmente nos horários de pico, e criar um corredor exclusivo para os ônibus. Não há data prevista para as mudanças, tampouco a certeza de que as mesmas vão ocorrer. “Ainda estamos em estudando a proposta. Pretendemos ouvir a opinião da comunidade antes de qualquer alteração”, comenta o diretor do Departamento Municipal de Trânsito (DMT), Pedro Soliman.

Entretanto, para ele a intervenção é praticamente a única solução viável para desafogar o tráfego no trecho norte-sul. A dificuldade em buscar alternativas que possibilitem a permanência dos estacionamentos reside no fato de que não há uma via paralela em toda a extensão do trajeto. “Desta forma não podemos implantar um sistema binário”, exemplifica.

Ciente da polêmica, Soliman explica que é preciso buscar alternativas, já que a tendência é que o tráfego no local fique cada vez mais congestionado. “Se não for nesta administração, certamente outra vai ter que retirar os estacionamentos no futuro. A população precisa repensar o que é mais importante: a fluidez do trânsito ou ter uma vaga para estacionar na porta dos estabelecimentos comerciais”, acrescenta.

O diretor do DMT acredita que caso se confirme a retirada de estacionamentos, a alternativa para os motoristas seria ocupar as vias paralelas. “Com isso, poderia também ser estudada a ampliação da Zona Azul para algumas ruas e travessas, possibilitando rotatividade dos veículos estacionados, o que também seria bom para o comércio nos arredores”, estima.

Opiniões (comentários publicados no Facebook)

“Imagino que seria o caso de limitar o horário de trafegabilidade de caminhões de grande porte e semirreboques. A Osvaldo Aranha há muito merece o controle da trafegabilidade dos veículos de carga, limitando-os de acordo com o seu peso bruto, para que trafeguem apenas em determinados horários”.

“Só sei que não temos mais onde estacionar, e ainda querem tirar os poucos estacionamentos que nos restam. Querem nos forçar a andar de ônibus e deixar os veículos em casa”.

“Estão querendo matar o comércio e quem sustenta os seus salários com os impostos. Daqui a pouco será mais fácil ir às cidades da região para fazer compras, pelo menos tem lugar para estacionar”.

 “E onde vamos estacionar o carro quando precisarmos ir às compras ou pagar nossas contas nas lojas que funcionam nessas ruas? Vai ter estacionamento aéreo? Por favor, usem a cabeça para pensar em algo melhor do que isso”.

Na avenida São Roque

A polêmica em torno da retirada de estacionamentos não é novidade. Em maio do ano passado, o SERRANOSSA já havia noticiado o descontentamento de comerciantes da avenida São Roque. Na época, alguns comerciantes relataram que sem estacionamentos em frente ao estabelecimento houve queda de até 60% no movimento de clientes. 

Veículos x pessoas

Embora a pauta do encontro fosse outro, a polêmica sobre a questão dos estacionamentos foi mencionada na última semana durante audiência pública para debater a instalação de Rua Coberta em Bento Gonçalves. Nas palavras da secretária-geral de Governo e Administração, Eliana Passarin, a população precisa definir o que deve ter preferência de circulação no centro da cidade: veículos ou pessoas. “Já se foi o tempo de achar que é preciso estacionar na frente do estabelecimento comercial. Essa não é mais a realidade de Bento. É realidade apenas para pequenos municípios como Monte Belo do Sul e Santa Tereza”, observa. Segundo Eliana, o assunto vai ser tratado na Conferência da Cidade, programada inicialmente para final de março ou começo de abril. 

 

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