O farmacêutico e a segurança do paciente

Devido à pandemia infecciosa que estamos vivendo com o novo coronavírus, os profissionais e os serviços de saúde jamais foram tão enaltecidos pela sociedade e estiveram em tanta evidência como atualmente. Isso despertou grande interesse da população sobre as rotinas de trabalho das equipes multidisciplinares de saúde.

Entende-se por equipe multidisciplinar a atuação conjunta entre diferentes profissionais de saúde, como médicos, enfermeiros, nutricionistas, psicólogos, fisioterapeutas, farmacêuticos, entre outros, que trabalham incansavelmente dentro dos estabelecimentos de saúde com o único intuito de promover e recuperar a saúde da população. Entre tantas rotinas, destaca-se uma prática relativamente nova, a cultura da segurança do paciente.

O debate sobre segurança do paciente ficou mais evidente e tomou corpo quando, em 1999, foi publicado o relatório “Errar é Humano”, do Institute of Medicine (IOM) dos Estados Unidos. O relatório pioneiro descrevia erros que aconteciam dentro de estabelecimentos de saúde. Desde então, muitas mudanças foram introduzidas para tornar os ambientes de saúde mais seguros para quem busca atendimento. 

Nesse contexto, o Ministério da Saúde instituiu o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP), por meio da Portaria MS/GM nº 529, de 1° de abril de 2013, com o objetivo geral de contribuir para a qualificação do cuidado em saúde, em todos os estabelecimentos de Saúde do território nacional, quer públicos, quer privados. 

Esses protocolos são recomendados pela OMS, pois promovem soluções de segurança para o paciente. Nesse sentido, o farmacêutico tem papel fundamental para a recuperação e segurança do paciente, pois ele integra a equipe multidisciplinar, e auxilia na elaboração do plano terapêutico levando a uma melhor conduta assistencial.

Outro ponto importante de atuação do farmacêutico é na segurança do processo da cadeia medicamentosa dentro dos hospitais. Esse processo é extremamente complexo no cuidado do paciente, pois também é passível de erros humanos. Assim, o papel do farmacêutico inicia a partir do momento do recebimento da prescrição médica, a qual exige um olhar muito criterioso desde a leitura, dispensação e orientação, para que a equipe de enfermagem possa realizar a administração dos medicamentos prescritos de forma correta e segura.

Alguns exemplos de soluções desenvolvidas para promover a segurança do paciente na área hospitalar são: adequação de medicamentos com nomes e embalagens semelhantes; controle de soluções eletrolíticas concentradas; garantia dos medicamentos corretos nas transições dos cuidados (conciliação medicamentosa); segurança na dispensação de medicamentos, comunicação correta e assertiva durante a transmissão do caso entre profissionais de saúde entre outras. 

Diante deste cenário, os acadêmicos do curso de Farmácia da UCS são constantemente estimulados a desenvolver soluções para minimizar erros e promover a segurança do paciente em disciplinas como Farmácia Hospitalar e Clínica, Atenção Farmacêutica e Gestão Farmacêutica. 

Por fim, poderíamos destacar e justificar o indispensável papel do farmacêutico junto à cultura da segurança do paciente através da apresentação de diversos dados estatísticos, como, por exemplo, pesquisas que apontam que a presença do farmacêutico na equipe multidisciplinar promove: aumento na adesão de tratamentos que pode chegar a 90%; ou ainda, que no ambiente hospitalar a presença do farmacêutico reduziu os eventos adversos relacionados a medicamentos em média de 75%. 

Contudo, considero que talvez a melhor e mais relevante justificativa para buscarmos a constante melhoria e aperfeiçoamento na formação de profissionais de saúde, em especial do profissional farmacêutico, é que nós trabalhamos com a vida do paciente. E como diz um belíssimo e verdadeiro ditado, “o paciente não é só o paciente, ele é o amor de alguém”, simples assim.