O jovem padre da paróquia Santo Antônio

Na missa deste domingo, dia 3 de feveiro, às 8h30, toma posse, oficialmente, um novo padre na paróquia Santo Antônio. Marciano Petrykovski foi ordenado no último dia 15 de dezembro, na paróquia São João Batista, em Nova Prata, sua cidade natal, e é novo não apenas porque vem de outra cidade, mas também por um motivo bastante aparente: ele tem 26 anos de idade.

Petrykovski é um caso atípico, considerando o fato de que é cada vez mais incomum jovens optarem pela vida religiosa. Da turma de 26 seminaristas em que ingressou em 2001, apenas dois se tornaram padres. Até ser ordenado, passou por 12 anos de estudo. Cursou o Ensino Médio no Seminário Nossa Senhora Aparecida, em Caxias do Sul. Estudou Teologia na UCS, enquanto morava no Seminário São José, e também cursou Teologia na PUC de Viamão. Confira a entrevista exclusiva:

SERRANOSSA – Por que você decidiu se tornar padre? 

Marciano Petrykovski – Não lembro, mas acredito que foi pelo contexto. Cresci numa família católica atuante na comunidade. Adorava assistir missas, participar de grupos de canto. Enfim, a vocação tem um lado misterioso. A gente não sabe explicar porque Deus nos chama.

SERRANOSSA – Qual sua expectativa em Bento Gonçalves?

Petrykovski – Tudo é muito novo para mim. Bento irá proporcionar uma série de “primeiras vezes”: primeiro funeral, primeira missa, primeira confissão. Enfim, vou aprender na prática. Se eu conseguir trazer mais jovens para as celebrações, será uma vitória pessoal. 

SERRANOSSA – Padres tão jovens são raridades. A que fatores você atribui o crescente desinteresse por seguir este caminho religioso?

Petrykovski – Tempos atrás o homem não tinha muitas opções. Ou casava e permanecia na roça, ou virava padre. Hoje existem muitas possibilidades: todo mundo pode estudar, o mercado de trabalho oferece crescimento econômico, a cultura familiar mudou, assim como uma alteração na figura do religioso. No passado, o padre muitas vezes era mais importante que o prefeito. Era a lei, o psicólogo, o conselheiro. Hoje possuímos uma função mais delimitada. 

SERRANOSSA – É este o maior desafio da Igreja Católica atualmente?

Petrykovski – A maior dificuldade é atingir os jovens. Esse não é um desafio exclusivo da igreja, é também das políticas de governo que buscam afastar os jovens das drogas e dos acidentes de trânsito, por exemplo. Hoje, ninguém sabe como atingir efetivamente os jovens. 

SERRANOSSA – O que lhe aproxima dos jovens?

Petrykovski – Tenho 26 anos. Assim como qualquer pessoa, o padre precisa de momentos de lazer para manter o equilíbrio. Gosto de me divertir jogando futebol, de viajar e ouvir pop rock nacional, como Charlie Brow Jr, Titãs, CPM 22 e Reação em Cadeia. O mundo está conectado no Facebook, eu não poderia ser diferente. As redes sociais nos aproximam de amigos distantes e são ferramentas de evangelização.

SERRANOSSA – Você já se apaixonou, já teve vontade de namorar?

Petrykovski – Nunca namorei sério, só tive paixões que acabaram rápido. O tempo de estudo para se tornar padre é longo também por esse fator, para que possamos ter certeza se desejamos abrir mão da vida amorosa. Por isso, muitos desistem, é natural. Conheço também colegas que começaram a namorar, desistiram da vocação, mas um tempo depois terminaram o namoro porque perceberam que não era aquilo que buscavam. Hoje são padres. 

SERRANOSSA – Existe alguém em quem você se inspira?

Petrykovski – Em primeiro lugar, Jesus, por seu modelo de bom pastor. Em segundo lugar, Madre Tereza de Calcutá, que mesmo em sua pobreza realizava ações caridosas, sempre disposta a confortar os mais necessitados. 

Reportagem: Priscila Boeira


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