O que os taxistas pedem

A suspensão temporária da licitação para o serviço de táxis em Bento Gonçalves pode ser a oportunidade que a categoria esperava para poder retomar cobranças por mudanças nas concessões. Os profissionais devem aproveitar os próximos meses, enquanto a prefeitura estuda alterações no edital, para agir em duas frentes – sindicato e associação – que reivindicarão propostas como o aumento da frota em pelo menos 10 novas placas, a reorganização dos pontos e a volta da bandeira 2 para os motoristas que trabalham à noite (veja abaixo).

As duas primeiras demandas foram divulgadas na última semana, ainda sem detalhes, pelo prefeito Guilherme Pasin, durante a coletiva de imprensa na qual foi anunciada a paralisação na concorrência pública. A justificativa para a interrupção momentânea no processo, segundo o chefe do Executivo, foi a recente publicação da Medida Provisória 615, que em seu texto trata, entre outros assuntos, da hereditariedade nas transferências das permissões. A estimativa da administração municipal é de rever os critérios do edital no período entre três e seis meses.

A intenção, a partir de agora, é avançar nas negociações para que, quando o procedimento seja reiniciado, já contemple algumas modificações apontadas pelos profissionais. Mas a realização de um estudo para avaliar a possibilidade de remanejamento dos atuais 91 táxis, que hoje estão distribuídos em 34 pontos, pode não ser tão simples, de acordo com o secretário de Gestão Integrada e Mobilidade Urbana, Mauro Moro. “Não é uma coisa que se possa fazer de gabinete. Temos que ver a situação caso a caso. E depois, quem vai aceitar que entre outro taxista em seu ponto? No discurso é fácil, mas na prática vai ser complicado”, adianta Moro, que fala sobre a necessidade de contratação de uma empresa especializada para o trabalho.

A criação de novas vagas também esbarraria em alguns impasses. Um deles é justamente o fato de que a inclusão de mais profissionais nos pontos já existentes poderia gerar conflitos. O outro é a resistência que há por parte dos motoristas de expandir a oferta do serviço para bairros. “Já tivemos pontos na Cohab, no Santa Helena, e eles não aguentaram. Isso não ia resolver nada, só criar problema. Mas tudo é negociável, temos que sentar e tentar resolver isso. Nós sabemos os pontos críticos, temos muita informação”, garante o presidente do sindicato da categoria, Paulo Redante.

Tarifa diferenciada

A reativação da bandeira 2, tarifa que até 2007 era utilizada à noite e nos fins de semana e feriados, também voltou a ser discutida. A solicitação se tornou, inclusive, tema de uma indicação da vereadora Marlen Pelicioli (PPS) à prefeitura. A reivindicação partiu da associação que representa parte da classe, em especial condutores contratados pelos permissionários para dirigir em horários alternativos. “São os autônomos que estão na rua nesses horários, correndo risco. Quando tiraram a bandeira 2, ‘quebraram nossas pernas’”, argumenta o vice-presidente do grupo, Sandro Idelamir Huve.

A mudança na tarifação poderia ser fiscalizada, conforme Huve, com a utilização de um novo taxímetro, que alterna a cobrança de bandeiras de acordo com horários programados eletronicamente. “Irregularidades existem, não são exclusividade de Bento. Mas isso se combate com fiscalização cada vez mais rígida. O que tem que acontecer é punir os maus motoristas, e não os bons”, completa.

Com relação ao aumento da frota local, o vice-presidente ressalta que a associação pleiteia uma elevação ainda maior do que a defendida pelo sindicato. “Nossa esperança é de que tenhamos um táxi para cada 1 mil habitantes. Assim, também daria a chance para quem é empregado começar a pensar em ter uma permissão”, conclui Huve.

As principais demandas

Aumento da frota: hoje, a lei municipal que regulamenta o serviço de táxis no município prevê a circulação de um veículo para cada 1,2 mil habitantes. A associação cobra a redução para a cada mil, o que elevaria a frota para 111 carros nas ruas de Bento. O sindicato, entretanto, pede uma diminuição menor, de 1 táxi para cada 1,1 mil moradores. Nesse cálculo, a frota seria elevada para 101. Uma indicação sobre o tema foi feita em março pela vereadora Marlen Pelicioli (PPS) à prefeitura.

Reorganização dos pontos: de acordo com representantes da categoria, o pedido de reorganização dos pontos já foi feito há mais de oito anos. O objetivo seria verificar a necessidade de remanejar veículos entre os locais, para reduzir a ociosidade em algumas áreas e melhorar o fluxo em outras. Uma das ações, segundo o presidente do sindicato, poderia ser reduzir a quantidade de táxis em pontos da Cidade Alta e aumentar no Centro.

Bandeira 2 à noite: alguns condutores pedem a volta do sistema de tarifação que foi extinto pela prefeitura no final de 2007. O antigo modelo previa o uso de duas bandeiras: a 1, que funcionava das 6h às 22h, e a 2 – mais cara –, aplicada à noite, no período entre 22h e 6h. A indicação da vereadora Marlen também contempla essa demanda.

Dois carros adaptados: quando lançou a licitação, no final de setembro, a administração municipal já considerou a inserção de um novo táxi, adaptado para transportar cadeirantes. A categoria, contudo, quer a presença de pelo menos dois veículos desse tipo circulando na cidade. O assunto foi abordado em um requerimento do vereador Leopoldo Benatti (PTB), remetido em maio ao governo municipal.

Pontos de apoio: com a inovação, os taxistas estariam liberados para cobrir eventuais faltas de táxis em outros pontos, diferentes dos lugares em que atuam. A intenção é reduzir o tempo de espera em locais de grande movimentação.

Pontos livres: o objetivo dos pontos livres seria permitir a taxistas de outras áreas que terminaram corridas no Centro esperarem por novos passageiros antes de retornar ao local de origem. A associação cobra a instalação de pelo menos dois pontos desse tipo na região central da cidade.

Reportagem: Jorge Bronzato Jr.


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