O que pensam três deputados pela Serra Gaúcha sobre as escolas cívico-militares
Denise Pessôa, Guilherme Pasin e Mauricio Marcon comentaram sobre a decisão do governo federal de não dar continuidade ao projeto e o caso da EMEF Maria Borges Frota de Bento Gonçalves
O SERRANOSSA entrou em contato com três deputados (dois federais e um estadual) para entender os seus posicionamentos em relação ao modelo as escolas-cívico militares, com foco no Rio Grande do Sul.
Eleito deputado federal pela Serra Gaúcha, Mauricio Marcon (Podemos), que afirma ser favorável ao projeto, destaca “excelentes resultados apresentados”. Segundo Marcon, escolas que aderiram ao modelo conseguiram reduzir índices de violência física, verbal e patrimonial, além da evasão escolar. Para o deputado, a decisão do governo Lula de encerrar com o programa federal é “lastimável”, mas comemora a decisão de Eduardo Leite (PSDB) de continuar com o modelo estadual.
“É lastimável que o Governo Lula tenha decidido acabar com o programa, justamente no momento em que esses resultados começavam a aparecer e a beneficiar essas comunidades. O governador do estado seguirá com a extinção, de forma progressiva, do programa federal no RS, mas ao menos indicou que pretende manter o programa estadual. Portanto, uma forma de incentivar as escolas cívico-militares no RS seria justamente por meio da incorporação ao programa estadual das escolas que participavam do programa federal – algo que dependerá em grande parte de decisão do governo estadual”, disse.
Também eleita pela Serra Gaúcha, a deputada federal Denise Pessôa (PT) entende que o programa de escolas-cívico militares não é uma prioridade e que há demandas mais urgentes para a educação brasileira.
“Entendo que o MEC [Ministério da Educação] deva se preocupar em garantir a educação de forma igual para todo e qualquer estudante sem diferenciação. Acredito que para o momento atual em que vivemos, o Programa Escola em Tempo Integral nas escolas de educação básica em 2023 seja mais interessante. Ele foi sancionado nesta segunda [31/07] pelo Governo Lula com a meta de alcançar, até 2026, cerca de 3,2 milhões de matrículas. Para se ter uma ideia, o investimento será de R$ 4 bilhões. Na minha opinião, a escola precisa ser um local prazeroso e que discuta temas atuais e urgentes sem esquecer das pautas históricas de formação dos estudantes”, afirma.
Guilherme Pasin (Progressistas), eleito por Bento Gonçalves deputado estadual, acredita no modelo e sua funcionalidade. “Dados do MEC já apontaram que a violência física nas escolas cívico-militares foi reduzida em 82%, a verbal 75% e a violência patrimonial 82%. A evasão e o abandono escolar diminuíram quase 80%. Além disso, 85% da comunidade respondeu satisfatoriamente ao ambiente escolar do modelo do Pecim. Então por que excluir?”, questiona.
Pasin, que foi prefeito de Bento por oito anos, reforça que, se há dificuldades e adversidades no ensino, deverá haver empenho da classe política para cobrar melhorias. “Devemos brigar para que existam financiamentos, para que consigamos superar as adversidades e os problemas estruturais. Mexer no que está certo é um contrassenso que permite que o que não funciona permaneça e o que é bom saia do jogo. Não podemos deixar que bandeiras políticas e ideológicas destruam o que funciona.”
Caso EMEF Maria Borges Frota
Na edição 923, a reportagem destacou sobre o caso da escola cívico-militar, em modelo estadual, que seria instalada na EMEF Maria Borges Frota, no bairro Zatt, em Bento Gonçalves. Aprovada em 2021, a instalação segue sem previsão.
De acordo com o deputado Marcon, que procurou se inteirar do caso, o motivo da não instalação se deve, principalmente, por questões financeiras do Rio Grande do Sul. “Segundo informações prestadas pela assessoria do deputado federal Zucco [Republicanos], o andamento de casos como o da escola de Bento Gonçalves estava travado por conta da situação financeira do estado, que está em regime de recuperação fiscal. Por isso, determinadas ações, como as contratações necessárias para a referida escola, dependem de determinados resultados nas contas públicas.”
Com as atuais contas positivas do RS, Marcon acredita que no mês de agosto abra uma janela para as contratações. “De minha parte, buscarei ressaltar, junto à Secretaria de Educação, a importância do andamento do caso para a comunidade de Bento Gonçalves – e também do programa do programa estadual como um todo, é claro –, além de manter a população informada acerca do processo. Neste sentido, inclusive, já acionamos o nosso parceiro no RS, o deputado estadual Prof. Claudio Branchieri [Podemos], que solicitará uma reunião junto à SEDUC para que a demanda seja acompanhada mais de perto”, pontuou.
No caso de seu município natal, Pasin diz que a implementação do projeto foi abraçada pela comunidade, além disso, assume o compromisso de que, em breve, isso seja uma realidade. “É meu papel como representante trabalhar pela continuidade do projeto. Na Assembleia Legislativa sigo defendendo o modelo e farei o que estiver ao meu alcance como parlamentar para que o projeto prospere em favor dos nossos jovens e suas famílias”, disse.
A esquerda e o projeto estadual
Para Denise, ao dar atenção para o projeto das escolas-cívico militares, o governo Eduardo Leite (PSDB) deixa de lado ‘problemas’ mais urgentes. “A melhoria da estrutura das escolas e o salário, atração e formação de novos professores são algumas delas. É preciso que se pense em fazer da escola um local que valorize os profissionais da educação e mantenha os estudantes motivados na busca por conhecimento. Também entendo que as escolas cívico-militares tem um alto custo de funcionamento com os resultados que outras escolas públicas também têm”, pontua.