O segredo da longevidade do amor
Olhando carinhosamente para a esposa Elza, o marceneiro aposentado José Faé revela o segredo de sua boa saúde: “É a alegria dela que me mantém vivo”. Com 89 e 90 anos, respectivamente, Elza e José formam um casal alegre e apaixonado, daqueles que jogam por terra as opiniões pessimistas quanto ao futuro do casamento enquanto instituição. No mês de junho, Faé e Elza completaram 70 anos de casados. A festa foi realizada no dia 10 de agosto, na Linha 6 da Leopoldina, no Vale dos Vinhedos, onde eles vivem. Amor, cumplicidade e admiração são, segundo eles, fatores mantidos desde o início da relação. “Se voltasse no tempo, eu casaria com ela de novo”, garante Faé.
A história do casal começou após anos de pressão sofridos pela família da mãe de José, Domênica Dai Pra. Moradora de Belluno, na Itália, ela se viu pressionada depois de descobrir que estava grávida e que o pai não assumiria o bebê. Sem casamento à vista, embarcou, ainda grávida, em um navio com destino à América. Chegou ao porto de Santos no final de 1922, fixando moradia no mesmo ano em São Valentim do Sul, na época distrito de Guaporé. Depois do nascimento de Faé, Domênica casou-se com um morador de São Valentim do Sul, descendente de imigrantes também da região de Trento. Foi com seu padrasto que ele aprendeu a manusear madeira. Anos mais tarde, em uma festa comunitária, Faé e Elza trocaram os primeiros olhares, se apaixonaram e, desde então, nunca mais se separaram. Depois do casamento, ela saiu da casa dos pais, em Santa Tereza, e passou a viver com o marido na casa da sogra.
Quando o padastro dele morreu, o marceneiro, então com 21 anos, precisou assumir o papel de patriarca da família. Para Elza, a mudança foi ainda mais radical. Longe de casa, passava a ter o posto de esposa e responsável pela criação dos sete irmãos mais novos do marido. “Foi trabalhoso, um desafio e tanto. De repente, me vi longe dos meus pais e tendo que ajudar a cuidar de uma grande família. Não foi uma época fácil”, recorda Elza.
Com o nascimento de oito filhos, o casal precisou se adaptar algumas vezes ao longo dos anos. Disposto a melhorar a condição financeira, Faé decidiu fundar uma cachaçaria. Assim se manteve até uma infestação de gafanhotos devorar toda a plantação. “Quase passamos fome. Todo nosso sustento dependia da cana”, afirma.
Desiludido com o rumo que a cachaçaria tomava, Faé decidiu prestar concurso público. Foi assim que conseguiu um emprego como professor de práticas agrícolas, na escola rural de São Valentim do Sul, onde lecionou por cerca de dez anos. Elza também se envolveu na escola atuando como merendeira, contagiando a todos com sua típica alegria e boa mão para a culinária.
No final dos anos 60, por falta de oportunidades para os filhos, o casal decidiu se mudar de São Valentim do Sul para Bento Gonçalves. Faé, então, trabalhou em uma empresa de esquadrias por mais de 20 anos, até se aposentar.
A saúde de Faé é admirável: aos 90 anos dirige, tem ótima audição e raciocínio rápido. Elza também não se deixa abater, apenas uma anemia persistente exige cuidados contínuos. Para eles, o segredo das Bodas de Vinho é o amor. “Ele serve café na cama todos os dias”, revela Elza. “O que nos ajuda é o amor que temos um pelo outro. Ela é a minha razão de viver”, declara Faé.
Reportagem: Priscila Boeira
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