O tabu voltado para a Instituição de Longa Permanência para Idosos – ILPI
“Prolongar a juventude é desejo de todos, desfrutar de uma velhice sadia é sabedoria de poucos”
A velhice é um tempo histórico, uma grande conquista para a humanidade, mas ainda vista como um problema para a sociedade. Não podemos conceitualizar como problema, mas sim um novo DESAFIO para o Estado e para a família.
Devido aos grandes desafios em que se encontram essas mudanças em nossas gerações, passar a olhar a instituição como um dispositivo de cuidado, de acolhimento e suporte familiar é uma forma de minimizar e auxiliar no processo de prestar cuidado ao idoso que apresenta a necessidade de ser assistidos e auxiliado em suas atividades de vida diária.
Desmistificar, desconstruir o TABU imposto pela sociedade, pela família, é essencial para que possa ser avaliado o conjunto e todas as possibilidades de cuidado que podem ser ofertadas ao idoso quando esse não for mais capaz, se essa realidade o acometer.
Esse tabu vem com o surgimento da PRIMEIRA instituição, que não é recente. O primeiro registro foi entre 520 – 590 (DC), instituição fundada pelo Papa Pelágio, que transformou sua casa em um hospital para pessoas menos providas de saúde e acometidas pela idade. No entanto, ali foram acolhidos embriagados, doentes mentais e pessoas excluídas pela sociedade, a “escória humana”, um termo um tanto pesado, concluindo uma IDEIA que “você não merece ser bem tratado e amparado, então você vai para um asilo”. Palavras essas que hoje em dia soam como “abandono”.
Mas pelo contrário. O Papa Pelágio trabalhou e agiu pela COMPAIXÃO. Buscou acolher e cuidar de pessoas mais necessitadas de assistência e pelo fato de não respeitar a velhice e manter sua individualidade, também se perdeu a credibilidade. Pensamos que naquela época, foi realizado o que era possível para aquele momento, com o conhecimento que se tinha.
O TABU da institucionalização vem com o ato de se culpar por tomar essa decisão, ainda com base em uma vivência e um modelo de instituição de quase dois mil anos atrás. Muitas famílias ainda trazem consigo esse pensamento, com ideias particulares, por exemplo: “Na minha família, nunca, ninguém colocaria em uma instituição”. Isso nos coloca em uma posição de REFLEXÃO, pois à medida que a velhice avança em uma velocidade imensa e com ela algumas mudanças, pensamos que na época deles não era cabível ao idoso de hoje o entendimento desse modelo em sua estrutura atual. Na época criava-se 10 a 12 filhos e um cuidaria desse idoso no futuro. Na realidade atual, isso não se aplica mais. Hoje, as famílias são formadas por números menores de filhos, quando se tem.
Planejar o envelhecimento é como planejar uma GESTAÇÃO. Organizar esse processo é fundamental para se manter cuidado. PENSAR que vai se manter ATIVO até o FIM da vida e de uma hora para outra pode ocorrer um corte na qualidade e na funcionalidade do corpo, colocando essa pessoa em uma situação desafiadora. A melhor solução é o PLANEJAMENTO. Quem vai auxiliar, quais os meios que vai buscar para se manter cuidado quando vir a precisar, se precisar. Essa ideia que sempre vai ser lúcido, capaz, precisa ser revista, pois o envelhecimento vem como um CONQUISTA e com ele podem vir alguns DESAFIOS, os quais se devem ser olhados.
Estudos apontam que para 2050, os casos de demência vão mais do que duplicar, junto a essa limitação temos as demais doenças que podem acometer a pessoa, devido todo seu histórico de vida, como viveu, o que ingeriu (alimento), se foi sedentário, dentre tantas outras formas de não se autocuidar, o seu estilo de vida.
Últimos dados trazem que a população em geral cresceu 5% e a população idosa cresceu 50%. Como podemos olhar para essa realidade dentro da família, das escolas, das faculdades e quebrar os tabus? Ninguém ensina como acolher, se sensibilizar com os novos idosos. Por quantas vezes se tem medo de tirar um idoso do seio familiar e apenas MANTÊ-LO na casa por MANTÊ-LO, sem suporte adequado de cuidado? Esse suporte vem da necessidade de uma equipe multidisciplinar. Essa equipe é a argamassa do cuidado.
Institucionalizar, muitas vezes pode ser libertador, traz amizades e se redescobre a socialização. Lembramos que o envelhecimento é um desafio e não um problema.
“Prolongar a juventude é desejo de todos, desfrutar de uma velhice sadia é sabedoria de poucos”
Texto: Eugenia Mª Ligoski