O uso da tela por crianças durante a pandemia
Por Renata Rigon Cimadon | Psicóloga – CRP 07/16650
Desde que a pandemia começou, a vida de todas as famílias mudou. Enquanto as crianças estão em casa sem a possibilidade de sair, passear e ir para a escola, pais e responsáveis se veem como equilibristas tentando dar conta de organizar todas as necessidades que surgiram em função disso: demandas da casa, dos filhos, do contato com a escola, da alimentação, da vida profissional, além é claro da preocupação com a saúde e os cuidados em função da COVID-19.
Nesse contexto, o ambiente digital acaba sendo um recurso fundamental, pois através dele é possível estar conectado tanto pela questão da necessidade de socialização e trocas afetivas, além de servir para dar continuidade às tarefas, sejam elas de estudo ou de trabalho.
Mas, pensando nas crianças e na necessidade de uma limitação maior de tempo/exposição às telas, o que fazer nesse período de isolamento social? É preciso pensar para além da questão do fator “tempo” isolado. A criança pode estar utilizando os recursos digitais para cultivar os laços afetivos com quem lhe é querido e importante, e, ao mesmo tempo, também pode e precisa utilizar para a continuidade da aprendizagem. A grande questão é poder pensar que nem todo o tempo de uso de tela é igual. Uma hora de desenhos animados não é o mesmo que uma hora de conversas com familiares, ou de pesquisas e estudos. Cada tipo de uso atende diferentes necessidades, algumas atividades são por diversão, algumas educativas e outras para interação e socialização. Por isso, o que fazem na frente da tela é tão importante quanto o tempo que passam. É preciso pensar na qualidade desse uso e não apenas na quantidade de tempo.
Além disso, o momento pode servir como uma possibilidade para pais e filhos dividirem experiências e fortalecerem laços, oportunidade de interação e conversa sobre os desenhos e jogos preferidos, sobre personagens, filmes, etc. Estar junto torna-se um momento para conhecer ainda mais os pequenos.
Acima de tudo, o fundamental ainda é tentar manter um equilíbrio, mesmo durante a quarentena. Tente criar uma rotina para que as crianças passem um tempo fora das telas, brincando e usando a imaginação para criar. Os responsáveis podem também pedir a elas que ajudem nas tarefas de casa, de acordo com o que é possível dentro de cada faixa etária.
Nesse novo cenário, tanto pais quanto filhos estão mais agitados e irritados. Por isso, é fundamental encontrar um ponto de equilíbrio entre tarefas de casa, trabalho e interação familiar, respeitando as emoções e necessidades de cada um, a fim de passar por esse difícil período da melhor forma possível. Cada família funciona de uma forma, portanto, não existe uma receita mágica.