Obras na igreja de Garibaldi causam polêmica

Um assunto tem tomado as ruas de Garibaldi nas últimas semanas. Tudo porque o frei Jadir Segalla, responsável pela Igreja Matriz São Pedro, iniciou obras que, supostamente, estão mudando a estética do templo histórico, fundado em 1924. Enquanto parte da população e alguns membros do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural (Comphac) alegam que a igreja está sendo totalmente descaracterizada, através de uma reforma sem planejamento, a igreja afirma que a umidade nas paredes, que causava a queda do reboco, levou a paróquia a iniciar um restauro, que pode durar até um ano. 

Ao saberem das obras, membros do Comphac, que é composto por seis cidadãos da comunidade e seis integrantes da prefeitura, reuniram-se para solicitar explicações sobre a reforma e também impedir que ela continuasse. De acordo com fotógrafo e historiador Vicente Silveira, que faz parte do conselho, durante a reunião foi aberta uma “votação” para decidir se a obra iria continuar ou não. “Nós, representantes da comunidade, alegamos que não era necessária uma votação. Que nosso objetivo era olhar o projeto, opinar sobre as mudanças que estavam sendo feitas na igreja e impedir, imediatamente, que essa depredação continuasse. Mas eles fizeram uma votação e, como estávamos com um a menos, os seis integrantes da prefeitura votaram a favor e liberaram a continuação dos trabalhos. Foi tudo planejado e articulado para a gente perder”, denuncia Vicente.

O grupo “Não deixem destruir nossa igreja”, criado no Facebook depois que o assunto ganhou força, já possui mais de dois mil membros e está debatendo ações para impedir que a obra continue. No último dia 13, uma equipe formada por arquitetos, engenheiros e historiadores se reuniu no Museu da cidade e decidiu que tentará contato com a paróquia, para, amigavelmente, discutir mudanças na reforma. “Também temos uma reunião marcada com o promotor de Garibaldi para pedir orientação sobre os passos que podemos seguir para impedir que a igreja, que é uma obra de arte, seja destruída”, comenta Vicente, articulador do grupo.

 
Sem retorno

Durante duas semanas, o SERRANOSSA tentou diariamente por telefone entrar em contato com o frei Jadir, mas não obteve retorno. Em uma entrevista concedida para a Rádio Garibaldi, no início da intervenção, em março, o frei afirmou que se trata de uma das maiores obras de restauro pela qual a igreja passou ao longo de nove décadas. Os trabalhos estão sendo executados pela empresa ARS Restauração, de Salvador do Sul. O frei ainda disse que foi realizado um estudo especializado para buscar as causas de infiltrações nas paredes que teria indicado a colocação de pedras de arenito no lugar da atual pintura a fim de permitir que a parede “respire” e não acumule água em seu interior. Ainda de acordo com o freiJadir, serão quatro etapas de restauração: a primeira consiste na colocação da pedra granitina nos rodapés para acabar com a umidade; a segunda é o restauro do altar; a terceira, a recuperação da parte superior dos rodapés, paredes e dos pequenos altares laterais; e a quarta a recuperação da parte externa. Essa última inclui o calçamento e prevê a utilização de uma técnica que capta a energia solar e a devolve no formato de iluminação à noite.

Quem passa pela igreja, observa que “lajotas” foram instaladas nas paredes, o que dividiu opiniões na cidade quanto à estética e a solução dos problemas apontados pela paróquia. O chefe do gabinete da prefeitura de Garibaldi e membro do Comphac, Irineu Krindges, se diz a favor das obras e alega que não há motivos para tanta polêmica. “O Comphac é composto por técnicos na área, que aprovaram a necessidade de restauro ou reforma, tanto faz. O que posso dizer é que as pedras instaladas nas paredes são da mesma cor que eram há 20 anos. Não há grandes modificações estéticas e poucas pessoas são contra a obra. Além disso, a empresa que é responsável pelo restauro é a mesma que fez em importantes igrejas da região, como a própria igreja Santo Antônio”, afirma, referindo-se ao principal santuáriode Bento Gonçalves, cujo restauro foi financiado por leis de incentivo à cultura e será inaugurado do final do mês de maio”. Ainda segundo Krindges, mais dados técnicos seriam repassados ao SERRANOSSA por uma engenheira da prefeitura, que não foi encontrada pela reportagem.


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