Segundo tipo mais frequente no mundo, o câncer de mama é o mais comum entre as mulheres, respondendo por 22% dos casos novos a cada ano. Se diagnosticado e tratado oportunamente, o prognóstico é relativamente bom. Nesse contexto, a mamografia, um tipo de raio-X das mamas, é um importante aliado para as mulheres. No exame, a mama é comprimida de forma a fornecer melhores imagens, e, portanto, melhorando a capacidade de diagnóstico e sendo capaz de mostrar lesões na fase inicial, mesmo que pequenas. Bento Gonçalves oferece mensalmente 500 mamografias, sendo referência também para os municípios de Carlos Barbosa, Coronel Pilar, Monte Belo do Sul e Santa Tereza. Entretanto, não há procura suficiente para que o número máximo de exames seja atingido.
A coordenadora do Programa de Saúde da Mulher no município, Karina Paggi, atribui a sobra de mamografias a três principais fatores: medo de descobrir alguma alteração nas mamas, falta de hábitos de prevenção e vergonha. “Muitas mulheres têm o pensamento de que ‘quem procura, acha’. O que tentamos, em parceria com o Instituto da Mama (Imama), é reverter essa ideia, enfatizando que ‘quem acha, cura’”, comenta.
Karina explica que a prefeitura paga apenas os exames que são realizados. O Ministério da Saúde repassa aos municípios orientações quanto à faixa populacional que deve ser coberta pelo serviço. Entretanto, em função da grande incidência de casos em Bento, a secretaria opta por ampliar a oferta para garantir uma cobertura adequada. A orientação é que mulheres com idades entre 50 e 69 anos façam mamografia a cada dois anos. “Em Bento é ofertada mamografia anual para essa faixa etária”, comenta Karina. Além disso, o município prevê uma reserva de exames para as mulheres entre 40 e 49 anos, conforme o critério médico. Para pacientes com risco elevado, como aquelas em que mãe, irmã ou filha já tiveram a doença, a indicação é realização da mamografia uma vez por ano. Outra recomendação do ministério é que seja feito anualmente o exame clínico das mamas, um procedimento realizado por um médico ou enfermeiro treinado através do qual podem ser identificadas alterações.
Exceções
A mamografia é um dos exames utilizados para o rastreamento do câncer de mama. Mas nem sempre é a forma mais eficaz de detecção da doença. Casos de mulheres muito jovens ou com mamas mais densas recebem orientação médica para ultrassonografia.
Rotina de exames
De acordo com a coordenadora do Programa de Saúde da Mulher, também são realizadas ações para conscientizar sobre a importância das consultas de rotina, o que inclui citopatológico, usado para rastreamento do câncer do colo do útero, e exame clínico das mamas. Karina comenta que uma das estratégias utilizadas é a chamada captação oportunista, que ocorre, por exemplo, quando a mãe leva o filho para a vacinação e recebe instruções. A secretaria de Saúde também visita empresas e respectivos colaboradores para realização dos exames no ambulatório ou na unidade móvel da secretaria de Saúde.
Menos casos no município
Dados da Vigilância Epidemiológica, da secretaria municipal de Saúde de Bento Gonçalves, apontam que nos últimos dez anos a mortalidade por câncer de mama vem diminuindo no município. Entre os anos de 2002 e 2004, a incidência era de 26,7 mortes a cada 100 mil mulheres. De 2008 a 2010, a proporção foi de 21 mortes a cada 100 mil mulheres. De 1992 a 2009, o câncer de mama foi responsável por 4,9% das mortes entre as mulheres.
Saiba mais
Os sintomas do câncer de mama palpável são o nódulo ou tumor no seio, acompanhado ou não de dor mamária. Podem surgir alterações na pele que recobre a mama, como abaulamentos, retrações ou um aspecto semelhante à casca de uma laranja. Podem também surgir nódulos palpáveis nas axilas.
Reportagem: Carina Furlanetto
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