ONGs destacam dificuldades e soluções para a causa animal em Bento

Pautas relacionadas à causa animal estão na proposta de governo da maioria dos nove candidatos a prefeito de Bento Gonçalves. Nos últimos anos, a área passou a ganhar mais atenção do Poder Público devido às demandas de protetores individuais, ONGs e entidades ligadas à causa. Entretanto, muitas das propostas apresentadas não consideram a realidade de quem trabalha diariamente com o resgate de cães e gatos no município. “A pergunta que fica a todos é: ‘O Poder Público quer realmente resolver o problema dos diversos animais abandonados e vítimas de maus-tratos da causa animal na região?’. Pois, no momento que for respondida essa questão, já haverá a solução para os problemas que as ONGs e protetores enfrentam diariamente”, analisam os membros da ONG Patas e Focinhos, que hoje conta com 32 cães e 54 gatos aguardando um lar. 

Na visão da organização, os principais problemas da causa envolvem a falta de recursos financeiros para custear os tratamentos veterinários; a falta de mão de obra efetiva de voluntários para as atividades da ONG (feiras de adoção, eventos, lares temporários); falta de lugar para abrigar os animais resgatados e os altos valores nas clínicas veterinárias. A voluntária da ONG Amigos Pet, Morgana Formalioni, complementa que o abandono e a falta de castração em bairros de maior vulnerabilidade social também são fatores que tornam o trabalho mais difícil. 

“Se existisse solução fácil, simples e única, já teria sido feito. Portanto, acreditamos que a solução deve ser ampla, começando desde o governo/prefeitura, com uma verba destinada para a causa animal da cidade/região”, comenta a equipe da Patas e Focinhos. Na visão da ONG, as ações voltadas à causa deveriam prever uma parceria com as clínicas veterinárias; um programa de conscientização junto à comunidade e escolas sobre vacinação, castração e demais cuidados necessários com os pets e fiscalização e cumprimento da lei de maus-tratos. “Nossa ONG acredita que a instalação de um canil não é a solução. Acreditamos que os interessados (políticos) em ajudar essa causa devam olhar para o animal com atenção, com o desejo de querer ajudá-lo de fato. Porque se houver a importância de cuidar dos seres vivos no geral, existirão sim recursos para buscar soluções, e deve-se querer do fundo do coração tratar da causa animal, e não simplesmente querer se sobressair perante a situação dos pets”, declaram. 

A voluntária Morgana Formalioni, da Amigos Pet, também acredita que um canil não seja adequado para o recebimento de animais resgatados, mas sugere a criação de um “lar de passagem” para abrigar temporariamente animais que não possuem donos ou que foram abandonados. Ela ainda complementa a importância do trabalho de conscientização das crianças, dentro do ambiente escolar. “O gestor público tem que entender que animais que se reproduzem demasiadamente acabam se tornando um problema de saúde pública, pois não tem lares para todas estas ninhadas, ocorrendo abandono e aumento de população de animais de rua. É necessário um programa de castração em massa, com realização de cadastros dos animais nestes bairros”, complementa a voluntária. 

Na opinião da voluntária Glauce Mazzochin, da ONG Todos por um Focinho, a castração em massa, principalmente nos locais mais carentes, e o cumprimento da lei contra maus-tratos seriam algumas das soluções para o município. “Também é preciso que tenha uma viatura disponível para as ONGs, para transportar animais abandonados e atropelados. Além de um centro de reabilitação para levar os animais recolhidos, que tenha veterinário e responsáveis pagos pela prefeitura. Nesse local, o animal seria tratado, castrado e, preferencialmente, doado”, finaliza.